Cala boca, Danny Glover

Danny Glover, 66, astro de “Máquina Mortífera” e “Ensaio sobre a Cegueira”, está “in love” com o Brasil, onde esteve na semana passada a convite da United Auto Workers (UAW), entidade sindical em campanha contra a montadora Nissan.

O astro foi homenageado com um jantar, no sábado, em SP, oferecido pelos empresários Wilson e Tatiana Quintela, com políticos e sindicalistas.

O ator elogiou o menu: farofa de banana-da-terra e robalo ao molho de capim-santo. E declarou seu amor à brasileira Eliane Cavalleiro, 46. Eles se conheceram no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, há dez anos. Casaram-se em 2009.

Folha – Como começou?
Danny Glover – Fui convidado pelo Geledés [Instituto da Mulher Negra] para uma palestra. Eliane era a coordenadora. Fomos nos conhecendo e percebi: ela é meu futuro. Meu pai tomou uma grande decisão ao se casar com minha mãe. Fiz o mesmo ao me casar com Eliane. Tenho uma mulher admirável. Ainda estamos em lua de mel. Estou feliz.

O que conhece no Brasil?
Nós vivemos em São Francisco. Temos dois garotos maravilhosos [filhos do primeiro casamento de Eliane, de 23 e 18 anos], que estão na universidade. Então, não passamos tanto tempo no Brasil. Mas estivemos em Recife, Salvador, Rio. Achei Jericoacoara (CE) muito romântico. Há muitos outros lugares que quero visitar. Brinco com Eliane: vou para a Amazônia e fico te esperando lá.

Como se engajou na luta dos sindicalistas da UAW?
Apoio a causa há muitos anos. Todos os trabalhadores têm direito a sindicalização e isso não ocorre na fábrica [da Nissan] no Mississipi, nos Estados Unidos.

Como viu a eleição de Lula à Presidência, em 2002?
Estive com ele em 2005. Lula tem uma história linda e forte, como operário e na luta sindical. Gosto também da Dilma [Rousseff]. Vejo progressos no país.

Eliane, que pesquisa racismo na Universidade de San Francisco, nos EUA, também falou à coluna.

Folha – Danny já aprendeu a falar português?
Eliane Cavalleiro – Sabe os cumprimentos e me elogiar: “bonita”, “esposa”. E entende a expressão “Cala a boca” [risos]. Quando fala da gente, ele não para! Outro dia, contou que é apaixonado e ficou falando por 20 minutos. Digo as palavras mágicas, e ele se cala.

E a vida em Hollywood?
Tem o glamour, os festivais, o tapete vermelho. Muitas fotos. Ser interpelado logo no café da manhã. Mas o Danny gosta de cozinhar, vai ao supermercado. Se dá muito bem com os meus filhos. Ele sabia que sou um pacote família.

Você também é ativista?
Busco entender como crianças negras podem construir uma identidade positiva. Infelizmente, na prática, ainda se percebe entre elas a discriminação pautada na cor da pele.

Que paralelo faz de racismo no Brasil e nos EUA?
Eles são capacitados para a discussão, e não só na academia. Até os mais simples têm reação automática quando discriminados.

Fonte: Folha

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