Por: Angela Schreiber
Projeto de organização americana troca experiências com o Brasil.
Um canal de TV de Detroit, em Michigan, trabalha num projeto para estreitar a comunicação entre os afro-americanos e os afro-brasileiros. Os responsáveis são membros da Black Awareness in Public Television (BAIT, em inglês), traduzido como Consciência Negra na Televisão.
O programa da BAIT se chama “For My People” e vai ao ar todos os sábados, pelo canal 50, às 6h30am. A transmissão também acontece através de canais a cabo em Indiana, Illinois, Ohio e Ontário (Canadá), e por vídeos do Google e YouTube. A BAIT tem David Rambeau como diretor executivo e o projeto com o Brasil é liderado por Mark Wells, americano que fala português e é casado com uma brasileira.
Por e-mail ao Comunidade News, Mark falou sobre o ABA (AfroBrasilAmerica). Segundo ele, o objetivo é construir uma ponte entre os afro-descendentes americanos e brasileiros. O foco é mostrar trabalhos de organizações e textos de autores afro-brasileiros sobre os problemas que afetam as comunidades no Brasil. “Haverá também textos escritos por autores afro-americanos como eu, que tem larga experiência com o Brasil, seu povo, cultura e história”, explicou Wells.
As onze vezes em que esteve no Brasil levaram Mark a elaborar o projeto. Segundo ele, a cultura afro-americana é muito forte no Brasil, seja em aspectos positivos ou negativos. Apesar das influências positivas da cultura afro-americana sobre a afro-brasileira, Mark admite que há influências negativas que não deveriam ser seguidas. Alguns aspectos da cultura afro-americana desagradam Mark, seja nos EUA ou no Brasil.
“É onde acredito que o diálogo beneficiaria americanos e brasileiros, particularmente os de descendência africana”. Para isto acontecer, o projeto vai mostrar aos brasileiros um pouco mais do contexto histórico do desenvolvimento cultural dos afro-americanos. Estes últimos também conhecerão mais a cultura afro-brasileira. O foco são todos os brasileiros que se consideram negros, mulatos, morenos ou pardos. Os principais contatos da BAIT estão localizados em Salvador, Bahia, e na região do ABC paulista.
Identidade negra em evidência
O primeiro programa da BAIT surgiu numa época de profundas mudanças da identidade negra nos Estados Unidos. Depois de afro-americanos famosos como Martin Luther King Jr. e Rosa Parks, o país presenciou o movimento “Black Power”, associado a Malcom X, assassinado em 1965. A primeira transmissão aconteceu em dezembro de 1970.
Voluntário da organização e apresentador do For My People há dois anos, Mark notou que as mídias americana e brasileira possuem pouca representação de afro-descendentes. “O que queremos é construir um intercâmbio continental através das artes e da mídia”. Contatos com organizações, estudantes e cineastas já foram feitos para alavancar o projeto que vai mostrar as similaridades e diferenças. Segundo Mark, os Estados Unidos e o Brasil são detentores das maiores populações afro das Américas.
A primeira parte do projeto consiste em conectar os afro-brasileiros que estudam ou trabalham nos EUA com os afro-americanos, bem como os afro-brasileiros que estão no Brasil. Toda esta conexão será feita através de uma série de documentários. De acordo com Wells, alguns afro-brasileiros já estão nos EUA. A BAIT também volta ao Brasil ainda este ano, a fim de explorar o maior número possível de projetos. O primeiro deles é um anuário.
Fonte: Comunidade News