Além de matar um jovem de 16 anos, Rodrigo Monteiro Sze – filho da Superintendente do Detran de SP – também atropelou a avó da vítima, que segue internada na UTI. Ele admitiu à polícia que ingeriu bebida alcoólica e voltava de uma balada. Lucas, o adolescente morto, ia para o último dia de aula antes das férias
A Justiça de São Paulo concedeu liberdade provisória ao motorista Rodrigo Monteiro Sze, que matou Lucas Magalhães dos Reis, 16 anos, na Lapa, Zona Oeste de São Paulo. A avó da vítima também foi atingida e segue internada na UTI.
O motorista, de 20 anos, admitiu ter bebido e é filho da superintendente do Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP), Silvia Monteiro Sze. A fiança paga foi de R$ 132 mil.
O adolescente que morreu estava com a avó quando foram atropelados perto do Cemitério da Lapa. Eles estavam em um canteiro, esperando
para atravessar, quando foram atingidos. O motorista ainda acertou um poste e só parou quando bateu em um táxi.
O motorista, que foi preso em flagrante, admitiu também que estava acima do limite de velocidade, a 80 km/h em uma rua que o limite é 50 km/h. O teste de bafômetro comprovou que o rapaz havia ingerido álcool. Em depoimento, Rodrigo Sze disse que voltava de uma balada.
Lucas Magalhães ia para o último dia de aula antes das férias escolares para apenas entregar um trabalho. A avó foi acompanhá-lo até o ponto de ônibus.
Pai protesta
Inconsolável com a morte do filho, Gilberto Ribeiro pede justiça. “Me ajuda a deixar esse cara na cadeia. O que ele fez não tem perdão”, disse o pai de Lucas ao Diário de SP.
Toda a família de Lucas está revoltada com o acidente. “Até quando isso vai acontecer? Ele estragou com uma família inteira. A avó dele que está no hospital e nem sabe que o neto morreu… Ele era a vida dela (os dois moravam na mesma casa). Vamos lutar até o fim por justiça”, disse o advogado e tio do estudante Agnaldo Ribeiro Alves, 45.
O delegado assistente Gilberto Tadeu Barreto, do 91 DP (Ceasa), entendeu que Rodrigo assumiu o risco após ter bebido e dirigido em alta velocidade.
“Ocorreu um conjunto de fatores e minha interpretação foi pelo homicídio doloso (quando há intenção de matar). Ele bebeu, não dormiu e estava em alta velocidade”, disse.
Nas redes sociais, o pai de Lucas divulgou um depoimento comovente. Leia abaixo:
por Gilberto Ribeiro
Meu filho era apaixonado por carros, conhecia todos os modelos e tudo sobre o assunto. No domingo, fomos a uma feira na Luz (Centro) de automóveis. Ele adorou e tirou várias fotos. Por ironia do destino, o que ele mais amava o matou. O Lucas também gostava de guitarra e estava aprendendo a tocar. Fui em Guarulhos comprar o modelo que ele queria. Todos os dias eu o levava no ponto (de ônibus) porque ia muito cedo para a escola. Porém, hoje (ontem), eu trabalhei à noite anterior e minha mãe é quem foi levá-lo e aconteceu isso. Ele amava a escola e o curso de segurança do trabalho que estava fazendo, tanto que foi no último dia só para entregar o trabalho. Meu filho não vai voltar, mas quero que esse homem pague na cadeia por tirar a vida dele e assim não faça isso com mais ninguém. Agora só tenho minha filha de apenas 1 ano e meio e será nela que vou me apoiar. Ele era meu amigo. Fazíamos tudo juntos. Não sei como será minha vida, não é a ordem natural das coisas porque os pais deveriam morrer primeiro. Não sei como vai ser minha vida novamente. Nosso chão desmoronou e estamos sem rumo. Minha mãe vai ficar arrasada porque fazia de tudo por ele. Ainda bem que conseguimos doar as córneas e seus olhos vão continuar enxergando o mundo.