Certeza da impunidade: Mulher é chamada de ‘preta fedida’ e forçada a passar desodorante

‘Eu só queria realizar o meu trabalho’, disse a zeladora de 33 anos, que não quis se identificar

no Noticias a Cada Minuto

© iStock (Imagem ilustrativa)

Uma mulher de 33 anos, que trabalha como zeladora, sofreu racismo e foi agredida no seu ambiente de trabalho nesta segunda-feira (2), em Sinop, a 500 km de Cuiabá, no Mato Grosso.

Segundo informações do Livre, do Metrópoles, a mulher, que não quis ser identificada, teria sido obrigada a passar desodorante e foi chamada de “preta fedida” por sua chefe.

Ela disse que estava trabalhando quando a dona do estabelecimento a chamou em uma sala para passar desodorante. Ela questionou a atitude, perguntando se estaria fedendo, e a chefe teria dito que ainda não, mas que pessoas escuras de “tom preto” como ela costumavam feder muito e que ela queria evitar o problema.

“Na hora me senti totalmente desconfortável, mas peguei o produto e comecei a passar. Ela não ficou satisfeita tomou o desodorante da minha mão e esfregou no meu corpo com muita força, machucou minha pele e principalmente minha dignidade. Nunca me senti tão humilhada”, disse ela ao Livre.

“Não consegui segurar o choro, chorei muito, isso a irritou profundamente, foi o que fez ela iniciar uma serie de ofensas e xingamentos contra mim. Ela me chamou de preta fedida. E eu só queria realizar o meu trabalho”, afirmou a vítima.

A zeladora procurou a delegacia do município para registrar a ocorrência. A agressora deverá ser enquadrada no crime de injúria racial, que estabelece a pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometê-la.

+ sobre o tema

Mulheres são as principais vítimas de injúrias raciais, aponta levantamento

Entre 2014 e 2019, foram 1.146 denúncias com vítimas...

ONU destaca importância das cotas e programas sociais no Brasil

Cotas e programas sociais melhoraram a vida de negros...

Nike permite Jesus e Cristo, mas veta Exu e Ogum de camisas da seleção brasileira

A customização das camisas da seleção brasileira já havia...

para lembrar

“O Brasil é um país estruturalmente racista” – Douglas Belchior

“Todo ano morrem 600 pessoas assassinadas pela polícia, a...

Europa nega abrigo, mas comemora gols dos filhos de imigrantes

Entre as equipes do continente ainda no Mundial, todas...

Em 20 anos, 1 milhão de pessoas intencionalmente mortas no Brasil

O assassinato de Mãe Bernadete, com 12 tiros no...

Racismo no Brasil: tragédia pouca é bobagem

Minha ideia era dedicar a coluna deste mês à...
spot_imgspot_img

‘Piada’ de ministro do STJ prova como racismo está enraizado no Judiciário

Ontem, o ministro do STJ João Otávio de Noronha, em tom de "piada", proferiu uma fala preconceituosa sobre baianos durante uma sessão de julgamento. A suposta...

Identitarismo, feminismos negros e política global

Já faz algum tempo que o identitarismo não sabe o que é baixa temporada; sempre que cutucado, mostra fôlego para elevar o debate aos trending topics da política...

Gilberto Gil, o filho do tempo

Michel Nascimento, meu amigo-irmão que esteve em Salvador neste ano pela milésima vez, na véspera da minha viagem, me disse que uma das coisas...
-+=