Chocolate amargo pode prevenir AVC

Por: GABRIELA CUPANI

 

Segundo análise canadense de pesquisas, ingestão moderada do alimento está ligada a menor incidência de derrames

Pesquisadores revisaram estudos com mais de 45 mil pessoas; consumo de 50 g semanais reduziu também risco de morte pós-derrame


O consumo moderado de chocolate amargo pode reduzir o risco de sofrer um AVC (acidente vascular cerebral). Isso é o que sugere uma análise de estudos sobre chocolate e derrame, envolvendo mais de 45 mil voluntários. A pesquisa foi conduzida por cientistas canadenses da Universidade de Toronto e será apresentada no congresso da Academia Americana de Neurologia, em abril.

Um dos artigos avaliados, que acompanhou 44.489 pessoas, concluiu que aqueles que consumiam uma porção de chocolate por semana tinham um risco 22% menor de ter um derrame do que os que não comiam o doce. Outro artigo, envolvendo 1.169 pessoas, mostrou que o consumo de 50 gramas por semana estava associado a uma queda de 46% no risco de morte após um derrame.

 

Antioxidantes
Para especialistas, a associação entre chocolate e redução no risco de derrame faz sentido devido à presença dos polifenóis, poderosos antioxidantes, no cacau. Esses compostos já são relacionados à queda no risco cardiovascular porque sabe-se que inibem a oxidação do LDL, o colesterol “ruim”, evitando que ele se deposite na parede das artérias e forme placas de gordura. Outro efeito dos polifenóis é a diminuição da agregação das plaquetas, envolvida na formação de trombos que provocam entupimentos.
“O mesmo mecanismo que protege contra doenças cardiovasculares deve estar por trás do efeito contra o AVC”, diz Jocelem Salgado, professora de nutrição da Universidade de São Paulo. Mas o efeito só vale para o chocolate amargo, rico em cacau. Os tipos branco e ao leite não têm o mesmo poder.
“Isso é possível pela presença de flavonoides [tipos de polifenois], mas ainda não há estudos controlados que provem essa relação”, diz Protásio Lemos da Luz, diretor da unidade clínica de aterosclerose do Instituto do Coração, em São Paulo.

Outro estudo recente, feito pela Universidade de Colônia, na Alemanha, constatou que o consumo moderado de chocolate amargo reduz os níveis de pressão arterial. Os autores acompanharam durante 18 semanas 44 adultos com idades entre 56 e 73 anos e com hipertensão leve. Eles foram divididos em dois grupos: um recebeu diariamente 6,3 g de chocolate amargo e o outro, a mesma quantidade do tipo branco.

Ao fim do período, os pesquisadores notaram leves reduções nos níveis de pressão no grupo que consumiu o chocolate amargo. “Esse efeito sobre a pressão arterial também pode estar relacionado à prevenção de derrames”, diz Salgado.

Para o cardiologista e nutrólogo Daniel Magnoni, do Hospital do Coração, em São Paulo, no entanto, as quantidades avaliadas seriam pequenas para garantir benefícios. “Os flavonoides são benéficos e devem ser incluídos na alimentação diária e incorporados a um estilo de vida, e não consumidos em doses como se fossem medicamentos”, pondera ele.

Além do chocolate, o vinho tinto, as frutas vermelhas e os chás verde e preto são boas fontes desses nutrientes. No caso do chocolate -e do vinho- o consumo deve ser moderado. Por ser calórico, o excesso de chocolate pode levar ao ganho de peso -que é um fator de risco cardiovascular.
“O chocolate já foi considerado inimigo número um das artérias, mas hoje sabe-se que, consumido com bom senso, pode ser benéfico”, diz Salgado.

 

 

Fonte: Folha de S.Paulo

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