Comentários sobre massacre na Flórida mostram por que precisamos lutar contra homofobia

Enquanto os Estados Unidos choram a perda de 50 pessoas após atentado em boate gay em Orlando, internautas destilam ódio e preconceito em portais brasileiros

Por Bruna Aidar no Jornal Opção

comentarios1

Os Estados Unidos amanheceram de luto depois que 50 pessoas foram mortas em um atentado em uma boate na cidade de Orlando (Flórida). No maior tiroteio da história do país, outras 53 pessoas ficaram feridas. O responsável pelos ataques seria Omar Mateen, americano, mas ainda não há confirmação sobre qual teria sido a motivação dos crimes, embora as autoridades policiais já tratem o caso como um ato de terrorismo.

Para a própria família de Mateen, no entanto, o crime não está relacionado à religião islâmica. Seu pai disse à rede americana NBC acreditar que ele tenha agido movido pelo seu ódio pela comunidade LGBT. Segundo ele, Omar ficava alterado ao ver homens se beijando. “Estamos dizendo que nos desculpamos. Não sabíamos que ele tomaria esse tipo de atitude”, declarou.

Enquanto as famílias das vítimas sofrem a perda de seus entes e milhares de pessoas ao redor do mundo se solidarizam não só com a dimensão do massacre, como também com sua possível orientação homofóbica, alguns comentários em grandes portais brasileiros evidenciam porque o ódio contra homossexuais ainda é um sério problema a ser enfrentado.

Associando a comunidade gays a doenças como a Aids e à libertinagem, usuários destilaram preconceito em matérias sobre a tragédia. No G1, por exemplo, um homem comentou: “Morre milhões de pessoas de fome e miséria e não se faz nada…morre uma meia duzia numa casa de surubas e ficam tudo chorando,…kkkkkkkkkk…” (sic).

Outro comentou: “A policia está esperando o sangue secar para entrar na boate e não correr o risco de contrair HIV, Sifilis, Herpes, Gonorreia, HPV”. “Um alivio para os familiares, pois a família deve sofrer muito quando tem um filho g.a.y, e quando eles se vão a família fica aliviada”, escreveu mais um, mesmo frente às imagens de diversos pais e familiares desesperados no local do ataque.

Confira alguns dos comentários:

comentario-1 comentario-2 comentario-3 comentario-4 comentario-5 comentario-6 comentario-7 comentario-8

+ sobre o tema

Thânisia Cruz e a militância que profissionaliza

“O movimento de mulheres negras me ensina muito sobre...

Assistência ao parto avança no Brasil, mas pré-natal ainda preocupa

Dados da maior pesquisa sobre parto e nascimento no...

Cidinha da Silva: ‘Autores brancos são superestimados na cena literária’

Quando Cidinha da Silva empunha a palavra, o mundo se desnuda...

para lembrar

Thânisia Cruz e a militância que profissionaliza

“O movimento de mulheres negras me ensina muito sobre...

Assistência ao parto avança no Brasil, mas pré-natal ainda preocupa

Dados da maior pesquisa sobre parto e nascimento no...

Cidinha da Silva: ‘Autores brancos são superestimados na cena literária’

Quando Cidinha da Silva empunha a palavra, o mundo se desnuda...
spot_imgspot_img

Thânisia Cruz e a militância que profissionaliza

“O movimento de mulheres negras me ensina muito sobre o ativismo como uma forma de trabalho, no sentido de me profissionalizar para ser uma...

Assistência ao parto avança no Brasil, mas pré-natal ainda preocupa

Dados da maior pesquisa sobre parto e nascimento no Brasil mostram avanços expressivos na prática hospitalar. A realização de episiotomia, o corte do canal vaginal com...

Cidinha da Silva: ‘Autores brancos são superestimados na cena literária’

Quando Cidinha da Silva empunha a palavra, o mundo se desnuda de máscaras e armaduras: toda hierarquia prontamente se dissolve sob sua inexorável escrita. Ao revelar...