Comércio entre Brasil e África cresce 416% em 10 anos

 

Os números do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior apontam uma alta substancial na relação brasileira com os países africanos (sem contar o Oriente Médio) na última década: houve um aumento de 416% no intercâmbio comercial entre as partes de 2002 a 2012. Além do crescimento bruto, os africanos também aumentaram sua parcela na absorção das exportações brasileiras: em 2002, eram destino de 3,91% dos produtos nacionais; 10 anos mais tarde, o percentual cresceu para 5,03%.

Doutor em história das relações internacionais e professor-adjunto do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília, Pio Penna Filho justifica o crescimento por uma convergência de fatores. O primeiro deles é a diminuição de conflitos no continente africano, com uma decorrente estabilidade política e econômica. E o segundo, trata-se da ação governamental brasileira, mais atenta ao cenário da África nos últimos anos.

Esse quadro de convergências facilitou a penetração de pequenas e médias empresas do Brasil no continente, aumentando os investimentos brasileiros por lá. Já as grandes companhias que estavam no mercado africano, em especial empreiteiras, conseguiram ampliar sua atuação, uma vez que a estabilidade política trouxe desenvolvimento econômico. “Houve aumento no consumo e em demandas de infraestrutura e urbanização”, relata Filho.

No entanto, o professor da UnB ressalta que a aproximação entre Brasil e África deve ser maior e que a intensificação de trocas comerciais, ainda que importante, deve ser melhor compreendida para que não surja um otimismo exagerado em cima da questão. “A penetração brasileira na África ainda depende muito de decisões governamentais, não existe uma dinâmica de mercado”, aponta.

O saldo da balança comercial brasileira com os países africanos é negativo. Em 2012, foi de menos US$ 2 bilhões. O principal produto de importação que justifica esse valor, revela o professor de Relações Internacionais da ESPM Rio Fernando Padovani, é o petróleo, que vem de países como Angola, Argélia e Nigéria. Outro parceiro no continente é a África do Sul, destino de automóveis brasileiros. De acordo com Padovani, outro item de destaque nas transações entre Brasil e países africanos é o açúcar e outros derivados da cana.

Ambos os professores comemoram o aprofundamento das relações Brasil-África, por representar uma diversificação de mercado para os produtos brasileiros. “A África está muito conectada com a Europa, é interessante para o Brasil pegar uma parcela desse mercado”, relata Padovani, destacando o fortalecimento da classe média e a sensação de euforia no continente africano, fatores atrativos para investidores. Com a experiência de três anos vividos em Guiné-Bissau, ele não hesita em afirmar que aplicar dinheiro na África é “aposta certa”. “Tem uma população jovem consumindo muito lá, tem que investir”, afirma.

 

Fonte: Terra

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