Comissário europeu que falou demais sobre Portugal acusado de racismo

Guenther Oettinger provocou polémica em Portugal ao falar do segundo resgate. Agora volta a acender o rastilho de críticas depois de referências aos chineses que foram consideradas racistas.

Do Observador

O comissário europeu que há um mês falou demais no Parlamento português — ao juntar na mesma frase “preocupação” “Portugal” e “segundo resgate” — usou uma expressão depreciativa para falar dos chineses e fez ainda considerações sobre o casamento entre pessoas do mesmo sexo, num encontro com empresários em Hamburgo. Guenther Oettinger foi rapidamente acusado de racismo e discriminação sexual, mas diz que foi mal interpretado.

Oettinger é o comissário europeu responsável pelas pastas da Economia e Sociedade Digital e falou demais numa intervenção na semana passada, que era privada mas foi filmada. O vídeo foi rapidamente posto a circular no youtube e nele é possível ver e ouvir o alemão fazer uma descrição depreciativa dos chineses, nomeadamente dos nove ministros do país que visitaram a União Europeia no âmbito da cimeira anual UE-China.

Na parte do discurso que está gravada é possível ouvir Oettinger descrever a delegação chinesa como “nove homens, um partido. Zero democracia” e “todos eles de fato de um botão, azul ou preto, todos com o cabelo penteado da esquerda para a direita e sapatos polidos”. Mas também usa a expressão alemã,”schlitzaugen”, segundo a Reuters, que é depreciativa relativamente aos chineses, por dizer respeito aos seus “olhos rasgados”.

Além disso, o comissário e militante da CDU (partido de Angela Merkel) deixou ainda críticas às políticas alemãs mais liberais, quanto à idade da reforma ou à licença de maternidade. E foi neste ponto do discurso que atirou, de forma irónica, provocando risos na sala: “Talvez o casamento homossexual obrigatório também venha a ser introduzido”.

O discurso foi classificado de “racista” e discriminatório” pelos seus críticos e as acusações fizeram com que o comissário viesse garantir, numa entrevista ao jornal alemão “Die Welt”, que “não quis ser desrespeitoso com a China”. E ainda justificou o que disse sobre o seu país com a intenção de “alertar para o excesso de auto-confiança da Alemanha”.

No início de outubro, numa visita a Portugal, o comissário europeu falou com os deputados da comissão parlamentar de Assuntos Europeus e, pensando que estava a falar à porta fechada, confidenciou a preocupação europeia com a hipótese de um segundo resgate. A audição estava a ser transmitida pela AR TV, com a declaração a provocar imediata polémica e a fazer disparar reações e críticas políticas. Oettinger é desde a semana passada também responsável pela pasta do Orçamento no Governo comunitário, depois da saída de Kristalina Georgieva para diretora executiva do Banco Mundia.

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