A escritora, poetisa, professora e ativista da cultura negra Conceição Evaristo recebeu nesta segunda-feira (29) o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e se tornou a primeira mulher negra a receber a honraria.
A homenagem foi aprovada pelo Conselho Universitário em abril e integra as ações comemorativas do centenário da instituição, celebrado entre setembro de 2026 e setembro de 2027.
O título de Doutor Honoris Causa é concedido pela UFMG a personalidades que prestaram relevantes contribuições à ciência, à tecnologia ou à cultura. A honraria existe desde 1928 e já foi entregue a nomes como Juscelino Kubitschek, José Saramago e Mildred Dresselhaus.
“É um momento de emoção muito grande, gratidão à vida, ao estado de Minas Gerais, à UFMG. A trajetória do povo negro e das mulheres negras a gente vai fazendo aos pouquinhos, vai colocado pedras… e eu me sinto muito honrada”, disse Conceição.
Conceição Evaristo é mestre em Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e doutora em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense.
A produção literária de Conceição Evaristo inclui poesia, ficção e ensaios, com obras traduzidas e publicadas em países como Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos e França.
Entre os livros mais conhecidos dela estão Ponciá Vicêncio (2003), Becos da memória (2006), Poemas de recordação e outros movimentos (2008), Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2011), Olhos D’água (2014) e Histórias de Leves Enganos e Parecenças (2016). Em 2023, lançou Macabea: Flor de mulungu, inspirado em A Hora da Estrela, de Clarice Lispector.
A escritora também foi reconhecida com o Prêmio de Literatura do Governo de Minas Gerais, em 2018, e com o Prêmio Intelectual do Ano da União Brasileira de Escritores, em 2023. No mesmo ano, recebeu o Prêmio Juca Pato e, em 2019, foi a grande homenageada do 61º Prêmio Jabuti como personalidade literária.
Veja lista de Doutores Honoris Causa da UFMG
- José Xavier Carvalho de Mendonça, jurista brasileiro, em 1928
- Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, bacharel em Direito, político brasileiro e ex-presidente de Minas Gerais, em 1930
- Juscelino Kubitschek de Oliveira, médico, político brasileiro e ex-presidente da República, em 1960
- Rodrigo Melo Franco de Andrade, advogado, jornalista e escritor brasileiro, em 1961
- John Van Nostrand Dorr II, geólogo estadunidense, em 1966
- Carlos Chagas Filho, médico, professor e cientista brasileiro, em 1979
- Carlos de Paula Couto, paleontologista e professor brasileiro, em 1980
- Desmond Mpilo Tutu, arcebispo sul-africano da Igreja Anglicana (Prêmio Nobel da Paz), em 1987
- Francisco Curt Lange, musicólogo teuto-uruguaio, em 1989
- José Saramago, escritor português (Prêmio Nobel de Literatura), em 1999
- Marshall David Sahlins, antropólogo estadunidense, em 2007
- Manoel de Oliveira, cineasta português, em 2009
- Mildred Spiewak Dresselhaus, física e professora estadunidense, em 2012
- José Joaquim Gomes Canotilho, jurista e professor português, em 2013
- Robert Alexy, filósofo do Direito e professor alemão, em 2014
- António Manuel Pinto do Amaral Coutinho, médico imunologista e professor português, em 2014
- Maria Lúcia Godoy, cantora lírica brasileira, em 2016
- Nelson Freire, pianista brasileiro, em 2016
- David Paul Landau, físico e professor estadunidense, em 2017
- Antônio Augusto Cançado Trindade, jurista e professor brasileiro, em 2018
- Eugenio Zaffaroni, jurista argentino, em 2023