Conjuração Baiana foi a primeira revolta social do Brasil

 

A Conjuração Baiana, também conhecida como Revolta dos Búzios e Revolta dos Alfaiates, é considerada um dos movimentos mais significativos na história e a primeira revolta social do país. Em 8 de novembro de 1799, quatro integrantes do movimento foram enforcados, em praça pública, para que servissem de exemplo. Nesta entrevista, a historiógrafa Antonietta D’Aguiar Nunes fala sobre a data histórica para os baianos.

Portal Vermelho: De fato, o que foi a Conjuração Baiana?
Antonietta D’Aguiar: A Conjuração Baiana foi uma luta que tivemos em Salvador dentro do conjunto das lutas que o Iluminismo inspirou: Revolução Francesa, Independência Norte-Americana, Inconfidência Mineira e no Rio de Janeiro. Aqui, tivemos a nossa Inconfidência Baiana. Mas, nós tínhamos uma vantagem sobre as outras. Nas outras, quem fez e promoveu foram os indivíduos formados pela Universidade de Coimbra, mas aqui o caráter foi popular.

Na Bahia também houve a participação da elite. Cipriano Barata, um dos nomes importantes do movimento, era cirurgião formado por Coimbra. Nós tínhamos uma série de intelectuais formados por Coimbra, mas esses faziam parte de uma conjuração chamada Cavaleiros da Luz, que havia sido fundada em 1797, uma espécie de maçonaria e aqui eles eram mais abertos.

Por exemplo: quem era oficial falava com os soldados; cirurgiões ou professores falavam com artesãos e alfaiates. Enfim, o povo também acabou envolvido. Tínhamos uma série de padres carmelitas que traduziam textos franceses que eram discutidos na Revolução Francesa para serem trabalhados na Bahia, pelo povo pobre. Então, nós tivemos o envolvimento de camadas populares e não apenas da elite de Coimbra.

Essa participação popular fez com que nossa revolução fosse chamada por Afonso Rui de Souza, que foi um grande professor de História da Bahia e diretor do Arquivo Histórico Municipal, de a primeira revolução social brasileira, pois envolveu as classes oprimidas.

Outro aspecto interessante da Revolta dos Alfaiates é que os rebeldes da elite, por exemplo, eram fuzilados no Campo da Pólvora. Mas, os pobres eram enforcados, pois a forca é considerada uma morte mais dura, mais demorada. A elite era fuzilada. O povo era enforcado e servia de espetáculo público. Eles eram enforcados no Largo da Forca, que hoje é o Largo da Piedade. Essa atitude mostra o preconceito social sempre existiu na nossa sociedade.

De Salvador,
Ana Emília Ribeiro

 

 

Fonte: Correio do Brasil

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