“A discussão a respeito de cotas não é tão limitada como a classe média vem querendo mostrar. O Brasil tem uma dívida social secular e não pode abandonar a tarefa de mudar o quadro social que exclui pobres e minorias da universidade só porque, teoricamente, “pessoas menos preparadas” entrariam na universidade com o bônus da cota.
Essa lógica é uma falácia. Afinal de contas, vestibular não mede inteligência nem conhecimento, não é de maneira nenhuma um teste de QI. Como sabiamente disse meu professor do cursinho no ano passado, vestibular mede a sua paciência. Sim, a sua paciência em decorar o que cai nas provas, a sua paciência em decorar as coisas, a sua paciência em não ter descanso, em não poder ficar doente…
Já está mais do que provado que o vestibular como tal no Brasil não seleciona os “mais bem preparados universitários”.
Por isso, faz sentido a pesquisa da Unicamp sobre seus alunos cotistas, que apresentavam um rendimento melhor e tinham uma taxa de evasão menor quando comparados aos estudantes “normais”.
As cotas são uma política de curto prazo, para que não fiquem viciadas e porque, a longo prazo, só resta melhorar a educação básica para que todos os brasileiros tenham acesso à universidade pública e particular de qualidade.”
Fonte: Folha de S.Paulo