A culpa não é dos filhos: é do marido

Uma nova pesquisa realizada na Harvard Business School revela o que a maioria de nós já desconfiava: mulheres altamente qualificadas não estão chegando ao topo das carreira como imaginaram aos 20 anos. Mas a razão não são os filhos ou a decisão de deixar o trabalho para se dedicarem fulltime à maternidade. O verdadeiro motivo são os maridos.

 Por: Cynthia de Almeida no  Mulheres Incríveis

Não estamos falando de seres jurássicos que determinam que “mulher minha não trabalha”. É melhor e, talvez, pior que isso. As mulheres se casam, tem filhos e …priorizam a carreira dos maridos (que, por sua vez, também priorizam as próprias carreiras ).

O que acontece é familiar a todas as mulheres que batalham para conciliar as agendas de mãe com a da vida profissional. Quando alguém tem que abrir mão de um compromisso importante em função das crianças (ou adolescentes) quem o faz, na grande maioria das vezes, é a mulher. Quando existem conflitos entre os horários de trabalho do casal e alguém deve preterir a promoção que vai exigir ainda mais tempo fora de casa é, de novo, a mulher. Quando um dos dois deve ser expatriado em função de uma oportunidade internacional, mulheres abrem mão de seus planos e empregos para seguir o marido. O contrário é raro.

O que a pesquisa das sóciologas Robin Ely, Colleen Ammerman e Pamela Stone  (A new study ofHarvard Business School ) traduz em estatístiscas sobre o mito da “opção de deixar a carreira” (opt-out) é que apenas 11% de mulheres da geração X abandonaram seu trabalho para se tornarem mães em tempo integral.  A grande maioria, 74% de mulheres entre 32 e 48 anos, continua a trabalhar depois dos filhos, numa média de 52 horas por semana. No entanto, o fazem com muito mais sacrifícios e interrupções do que seus parceiros. A maioria das mulheres afirma ter acreditado, ao se casarem, que ambas carreiras seriam igualmente valorizadas e que o tempo “roubado” do trabalho para cuidar das crianças seria igualitário. Hoje, 40% delas acreditam que se enganaram e que o trabalho dos maridos foram priorizados enquanto suas carreiras se moveram mais lentamente, ou estagnaram.

Enquanto as mulheres planejavam trajetórias profissionais igualitárias, mais de 70% dos homens das gerações X e boomers nunca pensaram assim e afirmaram considerar suas carreiras prioritárias. Sobre quem cuidaria dos filhos, 86% deles achavam que as mulheres tinham maior responsabilidade na função. Entre as mulheres, 65% da geração X e 72% das Baby Boomers afirmam ter assumido como delas a tarefa com as crianças.

O estudo é praticamente um espelho da vida real, em que a maior parte dos altos executivos, empresários e presidentes de empresas tem mulheres que não trabalham ou tem atividades menos desafiadoras que seus cônjuges. Entre suas dicas para as mulheres que não querem desistir da escalada, Sheryl Sandberg, COO do Facebook e uma das executivas mais bem pagas do mundo, aconselha a investir na escolha do marido certo (leia mais na série de posts que a Brenda publicou aqui, Lições das Mulheres Poderosas):”A maior decisão de carreira que você pode tomar é se você vai ter um companheiro de vida e quem será essa pessoa”, escreveu Sheryl em seu livro Faça Acontecer.  Enquanto as mulheres se dividem entre a ascensão profissional, o sonho de serem mães e preservar a carreira dos parceiros, eles chegaram lá  sem culpa e não tiveram que abrir mão do futuro no trabalho para se tornarem pais.  Contaram com a ajuda, o sacrifício e o back-office das mulheres.

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