Mulheres pretas
Conversar com a atriz Ruth de Souza era como viver a ancestralidade. Sinto o mesmo com Zezé Motta. Sua fala, imortalizada no filme "Xica da Silva', tece ventos que suavizam nossa face. Há coisas que marcam a existência, e sutilezas, como delicado palimpsesto, tatuado em camadas na nossa memória e nossa pele. Vai um caso. Em 2020, minha neta Alika, hoje com três anos, foi "pega" pela mãe batendo panelinha da janela da casa onde mora, no bairro do Méier, no auge dos protestos contra Bolsonaro (me recuso a chamar de presidente). A precocidade está no sangue das mulheres pretas. E não se aplica só a Alika, mas a todas as mulheres. Elas combateram à escravidão, de dentro da senzala e da casa-grande, onde já se perpetravam estupros coletivos, e, na resistência, o feminicídio. Na luta das letras, nada justifica o apagamento de Maria Firmina dos Reis e Carolina Maria ...
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