Uma pesquisa inédita do Instituto Locomotiva revela que pessoas trans saem menos de casa do que as pessoas cisgênero – que se se identificam com o sexo biológico – por medo de serem agredidas. O estudo também mostra que nove em cada 10 temem sofrer algum tipo de agressão ou assédio em deslocamentos. Quatro em cada 10 trans já foram vítimas de transfobia só por andar pela cidade.
O que todos esses dados indicam é que, para elas, a casa é o único lugar onde se sentem seguras. Esse isolamento causado pelo medo atrapalha o trabalho, o cuidado com a saúde, o lazer e, principalmente, fere um direito fundamental: o de ir e vir.
“É o direito de ir e vir consagrado na Constituição Brasileira. Direito cada vez mais difícil de ser alcançado pelos brasileiros e pelas brasileiras trans. São pessoas que saem menos para trabalhar, visitam menos as suas famílias e têm menos atividades de lazer, com medo de serem agredidos na rua”, diz Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva.
“Com certeza vai ter algum olhar depreciativo, alguma palavra depreciativa para a gente. Os comércios olham feio para a gente. Olham assustados, entendeu? Como se a gente não fosse de boa índole por ser trans”, lamenta Larissa Nascimento, pintora automotiva.
Este domingo (29) é o Dia Nacional da Visibilidade Trans – uma data que reafirma a importância da luta pela garantia dos direitos de homens e mulheres transexuais.
Uma pessoa trans pode descobrir ainda criança que não se reconhece no corpo que vê no espelho. E, mesmo depois da transição, ainda espera para ser vista como é.
“Teve um rapaz que começou a me encarar, encarar de uma forma ruim e, do nada, eu estava um pouco afastado da faixa amarela, eu só senti ele me empurrando, sabe? (…) Sorte que outras pessoas vieram e afastaram ele e me tiraram”, relembra Rihanna Borges.