Curso de ‘desaprincesamento’ está empoderando meninas no Chile

Quem convive com crianças pequenas já está acostumado com a ideia quase que onipresente de que as meninas amam princesas – e muitas gostariam de ser uma. Obviamente, essa ilusão de princesas frágeis e em busca de um príncipe encantado não aparece na cabeça delas do nada e é apenas um reflexo de uma sociedade que ainda conserva fortes traços de sexismo. Para acabar com isso, uma cidade chilena está oferecendo a Oficina de Desprincesamento para meninas.

Do Hypeness

A atividade é voltada para meninas entre 9 e 15 anos e busca refletir sobre os papéis de gênero de uma maneira que elas possam entender, lembrando que nenhuma mulher precisa de um príncipe encantado para ser feliz. O curso foi oferecido na Casa de Cultura da cidade de Iquique, no Chile, e trouxe debates, aulas de defesa pessoal, atividades manuais e até cantorias como uma forma de empoderar as meninas desde cedo.

O objetivo é estimular a reflexão sobre o papel da mulher na sociedade e conceitos de beleza e felicidade femininas, desconstruindo o mito do amor romântico. O curso foi proposto pela Oficina de Proteção dos Direitos da Infância (OPD) da cidade, apoiada pelo Serviço Nacional de Menores. Desde 2004, o órgão promove oficinas mistas onde debates questões de gênero, porém, a Oficina de Desprincesamento nasceu de uma necessidade e urgência reais.

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Tudo começou após um terremoto de 8,2 graus atingir a cidade, em 2014. Com o desastre, mais de 400 famílias perderam suas casas e precisaram ser alojadas em acampamentos de emergência, onde índices de vulnerabilidade e abuso sexual de meninas são altos. Com o desafio de mudar a realidade das meninas que viviam nestes locais, surgiu a oficina, inspirada em um projeto dirigido a mulheres adultas em Bilbao, na Espanha, o Faktoria Lila.

Em fevereiro deste ano ocorreu o curso de férias, que contou com a presença de 20 participantes durante seus seis encontros. E a ideia deu tão certo que o grupo já foi convidado a replicar a experiência em outras cidades chilenas e também em Lima, no Peru.

Agora resta torcer para que a ideia chegue por aqui também. Quem concorda?

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