A instituição prepara-se para concluir sindicância, aberta no ano passado, para apurar possíveis fraudes no sistema de ingresso de estudantes por cotas raciais em vários cursos, entre eles da graduação em medicina. O levantamento do perfil dos alunos começou a ser feito a partir de matéria publicada pelo Estado de Minas, em abril de 2016, sobre denúncias feitas por movimentos negros. A instituição, que também recebeu denúncias em sua ouvidoria, vai começar no ano que vem a discutir junto a escolas de ensino médio sobre a Lei de Cotas e a exigir uma declaração por escrito de quem se autodefinir como negro ou pardo.
Ontem, o jornal Folha de S. Paulo publicou reportagem informando que alunos brancos estão ingressando no curso de medicina da UFMG fazendo uso indevido do sistema de cotas da instituição, criado em 2009. As supostas fraudes envolveriam calouros com características físicas que não se encaixam no perfil da política afirmativa.
“O Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB) reconhece e apoia a política de cotas raciais para acesso ao ensino superior,agindo como forma de reparo à marginalização socioeconômica histórica da população negra. Também reconhece que fraudes nesse sistema, infelizmente, têm ocorrido, e necessitam ser averiguadas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)”, informou o grupo representantes dos estudantes, por meio de nota publicada em sua página no Facebook.
Ainda segundo a nota, “Para o DAAB, a UFMG precisa encontrar formas de coibir tais ações fraudulentas, de modo que a finalidade da política de ações afirmativas se instaure de maneira efetiva”.
Leia o texto na íntegra:
“O Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB) reconhece e apoia a política de cotas raciais para acesso ao ensino superior,agindo como forma de reparo à marginalização socioeconômica histórica da população negra. Também reconhece que fraudes nesse sistema, infelizmente, têm ocorrido, e necessitam ser averiguadas pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Para o DAAB, a UFMG precisa encontrar formas de coibir tais ações fraudulentas, de modo que a finalidade da política de ações afirmativas se instaure de maneira efetiva. Assim, tanto a Faculdade de Medicina quanto a Universidade como um todo poderão deixar de ser ambientes tão elitizados e de reprodução constante de opressões. Desse modo, tais espaços estarão aptos a se tornar mais democráticos, pintando-se, assim, com a verdadeira face do povo brasileiro.
Importante salientar, que embora o posicionamento da UFMG demonstre o início de uma possível reação aos fatos que são noticiados, esta reação é ainda incipiente frente ao real tamanho do problema. Não obstante, devemos lembrar que os fatos indicam a necessidade de correções na Política Nacional de Cotas de acesso às IES, e isto em hipótese alguma deve ser confundido com a abolição das Políticas Afirmativas, que são de fundamental e incontestável importância para a construção de uma sociedade equânime.”
leia também: