De origem aborígene, corredor vê racismo e ameaça boicotar Jogos

O australiano John Steffensen fez uma acusação grave no último final de semana contra a Federação de Atletismo do seu país. O experiente corredor, que já foi prata no revezamento 4×400 m em Atenas, em 2004, alegou que não foi escolhido para competir nos 400 m rasos em Londres por racismo, já que tem origem aborígene. Em protesto, ele ameaça inclusive boicotar os Jogos Olímpicos na capital inglesa.

Em entrevista à rede australiana de televisão Channel Nine, no último sábado, Steffensen se mostrou bastante insatisfeito com a escolha de sua equipe. “Eu não acho que ajude na legitimidade do nosso esporte ou do critério de seleção, e acho que só faz o nosso esporte parecer estúpido”, afirmou o corredor de 29 anos.

“As regras e os objetivos estão ficando incertos. Agora eles vão pegar quem eles quiserem para colocar na equipe. Eu aguentei ser difamado racialmente por esta federação, ser discriminado em muitas equipes. Você sabe que ajudaria se eu fosse de uma cor diferente”, acusou Steffensen. “Não, eles podem ficar com o atletismo (australiano). Eu não preciso mais disso”, completou o corredor, anunciando o possível boicote aos Jogos.

Apesar de ser alijado da disputa dos 400 m rasos, Steffensen está escalado novamente para competir no 4×400 m, prova em que, além da medalha prateada em Atenas, também foi bronze com a Austrália no Mundial de 2009. Duas vezes ouro nos Jogos da Comunidade Britânica – justamente nos 400 m e no 4×400 m -, o corredor desfalcaria assim a equipe australiana em Londres caso confirme o boicote.

Enquanto assiste às acusações de Steffensen, a Federação de Atletismo Australiana diz que já tem um plano B em caso de boicote do atleta e ainda tenta contemporizar a situação. Dallas O’Brien, chefe da entidade, comentou o caso e negou o suposto racismo, além de refutar a possibilidade de tomar atitudes disciplinares contra o corredor.

“Os comentários de John são lamentáveis. Eu pedi a ele para se acalmar, respirar e pensar a respeito. Felizmente temos uma boa relação com John nos últimos 12 meses e ele vem correndo muito bem, e é apenas de se lamentar que os tempos e lesões tenham prejudicado suas chances (de competir nos 400 m). Eu ainda espero que John faça parte do revezamento”, disse O’Brien.

O boicote de Steffensen, porém, não é inédito. Em 2010, o corredor já fez o mesmo nos Jogos da Comunidade Britânica, também dizendo não concordar com os critérios de seleção da sua federação. À época, entretanto, ele não acusou a entidade de racismo.

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Fonte: Terra

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