1. Nós, mais de 200 feministas negras de todos os continentes e em todas nossas diversidades, reunidas no Fórum de Feminismos Negros, sob o lema “os caminhos que percorremos juntas”;
Enviado para o Portal Geledés
2. Desafiando nossas próprias fronteiras e as que se opõem a nosso crescimento como feministas felizes, saudáveis e orgulhosas e realizando nossos sonhos mais ousados de libertação para nós, nossa terra e territórios e as vidas que defendemos na diversidade de nossa negritude e nossas capacidades e identidades escolhidas;
3. Durante estes dois dias conversamos sobre o futuro, a construção dos feminismos negros globais, a transformação da justiça global, a defesa de nossos territórios, comunidades, povos, resiliência, resistência, o colonialismo, a guerra, os direitos sexuais e reprodutivos, o racismo, o sexismo, o patriarcado, a diversidade sexual, identidades de gênero, arte, violências, alianças transnacionais, aliança intergeracional, entre muitos outros temas;
4. Reconhecendo nossa espiritualidade ancestral e nossa identidade cultural como um dos pilares fundamentais para a defesa de nossos direitos individuais e coletivos;
5. Reconhecendo que as mulheres negras, depois de vários séculos de resistência ativa, ainda vivemos em condições de empobrecimento, de exclusão, de invisibilizacão e marginalização dos espaços de poder político e econômico. Manifestamos a urgência de transformar os modelos de exercício de poder e produção econômica para que respeitem a vida e a diversidade;
6. Reconhecendo os esforços de revisitar os feminismos a partir de uma abordagem interseccional entre raça, gênero e classe;
7. Reconhecendo o racismo como um agravante da situação e condição das mulheres e pessoas não binarias em função de sua orientação sexual, identidade de gênero, sua condição de migrante, de idade, de discapacidade, entre outras;
8. Denunciamos o racismo ambiental que tem sido responsável pelas epidemias de dengue, zika, chikungunha e outras nas comunidades negras, indígenas e pobres e pela violação da autonomia reprodutiva das mulheres e pessoas não binarias;
9. Denunciamos a dominação e o monopólio dos recursos disponíveis pelas corporações ocidentais majoritariamente brancas as quais tem acesso a todos os espaços enquanto lutamos para criar os nossos;
10. Denunciamos a militarização policial mundial na América Latina, Caribe, na África, nos Estados Unidos, responsável pelo genocídio de mulheres e meninas, homens, jovens e meninos negros e conclamamos que esse FÓRUM repudie estas práticas e declare que TODAS AS VIDAS NEGRAS TEM VALOR;
11. Demandamos que seja explicitada a realidade das mulheres e pessoas não binárias negras, e que seja ela seja incorporada em todos os debates, decisões e conclusões que sejam realizados neste 13 Fórum da AWID;
12. Repudiamos o Golpe de Estado contra a Presidenta do Brasil, Dilma Rousseff, por constituir um ataque à democracia, ao Estado de Direitos e um obstáculo â participação política das mulheres;
13. Expressamos nossa solidariedade a todas as mulheres do Brasil, em particular, as mulheres negras, que serão as mais afetadas com este retrocesso político e demandamos ao Fórum da AWID que se pronuncie de maneira vigorosa contra esse golpe contra a democracia;
14. Reconhecemos as energias, a disponibilidade e os esforços de lideranças e organizações negras; artistas e agitadoras do mundo, que integraram a equipe de trabalho do Fórum de Feminismos Negros para garantir a presença significativa de mulheres negras no Fórum da AWID.
6 de setembro de 2016 em Costa do Sauipe, Salvador de Bahia, Brasil