‘Demos mole’, diz fundador do PV sobre Rede de Marina Silva

 

Alfredo Sirkis lamenta rejeição à criação do partido Rede Sustentabilidade e critica o Judiciário, mas ressalta que Marina Silva se iludiu.

Um dos fundadores do Partido Verde (PV) e expoente da sustentabilidade na política no País, o deputado federal Alfredo Sirkis (PV-RJ) publicou um artigo nesta sexta-feira, em seu blog, criticando a decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), que rejeitou a criação do partido Rede Sustentabilidade, da ex-senadora Marina Silva, antes no PV. Segundo o parlamentar, “o Brasil da secular burocracia pombalina, do corporativismo estreito e da hipocrisia político-cartorial falou pela voz da maioria esmagadora do tribunal”. Porém, ele não deixou de criticar a “ilusão” de Marina Silva.

‘Demos mole’, diz fundador do PV sobre Rede de Marina Silva

“Para mim não foi surpresa alguma, nunca foi uma questão de fé – Deus não joga nesta liga -, mas de lucidez e conhecimento baseado na experiência pregressa. Eu tinha certeza absoluta que se não tivéssemos uma a uma as assinaturas certificadas, carimbadas, validadas pela repartição cartórios de zonas eleitorais íamos levar bomba. Para ser direto em bom carioquês: ‘demos mole’. (…) Não ter entendido que o jogo seria assim e ter se precavido a tempo e horas foi uma das muitas auto complacências resultantes de uma mística de auto ilusão”, disse ele.

“Marina é uma extraordinária líder popular, profundamente dedicada a uma causa da qual compartilhamos e certamente a pessoa no aís que melhor projeta o discurso da sustentabilidade, da ética e da justiça socioambiental. Possui, no entanto, limitações, como todos nós. Às vezes falha com operadora política, comete equívocos de avaliação estratégica e tática, cultiva um processo decisório ad hoc e caótico e acaba só conseguindo trabalhar direito com seus incondicionais. Reage mal a críticas e opiniões fortes discordantes e não estabelece alianças estratégicas com seus pares. Tem certas características dos  lideres populistas, embora deles se distinga por uma generosidade e uma pureza d’alma que em geral eles não têm”, completou o parlamentar.

Por meio de suas contas no Twitter e no Facebook, a ex-senadora disse nesta sexta-feira que a decisão do TSE “não representa uma derrota nem a seus membros nem à sociedade brasileira que apoia uma nova forma de fazer política”. Segunda colocada nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de 2014, Marina terá agora que optar entre escolher uma outra legenda para disputar a Presidência no ano que vem ou a manutenção de um discurso de pureza política, que deve deixá-la fora da disputa.

De acordo com a nota divulgada por Marina, a decisão do TSE resulta tão somente em um atraso no processo irreversível de reformas do País. “Com o resultado, a Rede irá avaliar com sua executiva provisória e seu corpo jurídico todas as ações cabíveis para viabilizar a existência do partido, garantida pela Constituição”, escreveu.

De acordo com o texto, a Rede Sustentabilidade considera o resultado do TSE “uma clara demonstração dos entraves burocráticos que os brasileiros têm de enfrentar”. “Exigências descabidas e ilegais por agentes do Estado, atrasos injustificados e regras inaplicáveis foram alguns dos entraves enfrentados pela Rede ao longo do processo de criação do partido.

Da mesma forma, ficou evidente a estrutura precária do Estado brasileiro, incapaz de cumprir as leis que ele impôs a si mesmo. Cartórios com pessoal sem treinamento; falta de insumos básicos para executar o trabalho; inconsistência generalizada nos dados utilizados para comparação das assinaturas”, critica. 

O comunicado garante ainda que a mobilização da Rede continuará “inabalável nos próximos dias, meses e anos”. “Nossos apoiadores acreditam na causa pela qual lutam e se manterão firmes no objetivo de democratizar a democracia brasileira”, completa. 

TSE nega registro à Rede
Por 6 votos a 1, os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) rejeitaram o pedido de registro da Rede Sustentabilidade, na noite desta quinta-feira. O principal argumento foi o número de assinaturas abaixo do mínimo exigido por lei.

Ao rejeitar o pedido de criação do partido de Marina Silva, a relatora do processo, ministra Laurita Vaz, afirmou que é “inconciliável” o pedido para que fossem validadas 95 mil assinaturas rejeitadas, pleito de Marina e seus correligionários. Ela explicou que a ex-senadora deveria ter questionado as anulações diretamente nos cartórios. Ainda segundo Laurita, cabia ao partido comprovar a validade das assinaturas.

Numa espécie de afago, a ministra Luciana Lóssio ressaltou o filtro ético diferenciado e a busca da lisura mostrados pela Rede, postura já exaltada no parecer do Ministério Público Eleitoral (MPE). Segundo ela, são esses princípios que devem nortear um partido político. Ainda assim, a ministra votou contra o pedido de registro, justificando que a lei exige um requisito objetivo, que é o número mínimo de assinaturas.

Os ministros João Otávio de Noronha, Henrique Neves, Marco Aurélio Mello e a presidente do TSE, Cármen Lúcia, também rejeitaram o pedido de registro. Apenas Gilmar Mendes voltou a favor.

 

'Demos mole', diz fundador do PV sobre Rede de Marina Silva

Sopa de letrinhas da política brasileira

 

Apenas entre outubro de 2011 e junho de 2012, três novos partidos tiveram seus registros aprovados pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Depois do Partido Social Democrático (PSD), criado pelo prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e do Partido Pátria Livre (PPL), a sopa de letrinhas do sistema político brasileiro foi engrossada pelo Partido Ecológico Nacional (PEN). Os dois primeiros partidos poderão disputar as eleições deste ano, já que, em outubro, poderão apresentar candidatos filiados há mais de um ano, como exige o TSE.

 

Fonte: Terra

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