Fonte: Bem Paraná –
Desde o agravamento da crise financeira mundial, com a quebra do banco Lehman Brothers em setembro de 2008, as mulheres perderam mais espaço no mercado de trabalho que os homens no Brasil. A conclusão é de estudo divulgado hoje (2) pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres (SPM), em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Segundo o documento, a ocupação feminina caiu quase o dobro da registrada entre os homens: 3,1% contra 1,6%.
Os efeitos da recessão mundial sobre a economia brasileira também empurraram muitas mulheres para a inatividade. O estudo aponta que, de setembro a abril, a população economicamente ativa feminina caiu em capitais como Salvador (3%), Belo Horizonte (1,5%), Porto Alegre (2,3%) e São Paulo (1,9%), enquanto entre os homens não se verificou decréscimo em nenhuma dessas regiões.
A retração da participação feminina no mercado de trabalho, contudo, não foi observada nas atividades formais. O número de profissionais com carteira assinada até cresceu. O estudo mostra que no comércio, por exemplo, a mão de obra feminina ficou com 88,8% das 52.278 vagas criadas no período. Já no setor de serviços as mulheres ocuparam 78,29% dos 126.839 novos de postos de trabalho.
Os analistas do Ipea apontam que o aumento da participação das mulheres no mercado formal já era esperado. Com os desdobramentos da crise, os empregadores preferiram contratar mão de obra mais barata no período. “Como os salários de contratação das mulheres foram sempre inferiores aos dos homens, parece ter havido substituição de salários mais altos por mais baixos”, aponta o estudo.
O fenômeno foi observado também entre os trabalhadores de maior escolaridade, faixa em que as mulheres costumam receber o equivalente a 65% dos salários masculinos. O estudo aponta que o aumento da participação feminina é o indicativo de uma precarização do emprego no contexto de crise.
Matéria original: Desemprego feminino cresce duas vezes mais que o masculino