Desemprego fica em 4,9% em abril, diz IBGE – Menor taxa em 13 anos

Taxa é a menor da série para meses de abril.
Rendimento médio real dos ocupados, no entanto, ficou menor.

Cristiane Cardoso

A taxa de desemprego no país voltou a recuar e ficou em 4,9% em abril, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (22) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em março, o índice era de 5%. O resultado é o menor já registrado para meses de abril na série histórica do IBGE, que teve início em 2002. Em abril de 2013, o desemprego foi estimado em 5,8% para o conjunto das seis regiões metropolitanas pesquisadas.

Segundo Adriana Araújo Beringuy, técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE, a queda do desemprego em abril ocorreu porque houve redução da procura de trabalho, e não geração significativa de novos postos. O instituto verificou, no ano, uma queda no número de pessoas desocupadas, mas que procuram trabalho (índice conhecido como PD), e uma estabilidade na PEA, o número de pessoas economicamente ativas, que inclui empregados e desempregados em busca de vaga.

“A gente percebe que essa taxa [PD] no mês fica estável, mas, no ano, ela baixou. E essa redução da taxa de desocupação, que agora registra 4,9%, expressa que PD cai e a PEA se mantém estável. Então, quem se movimentou foi a desocupação. Ela caiu. E essa taxa caiu não porque houve geração significativa de postos, mas porque houve redução da procura por trabalho”, explicou Adriana Araújo Beringuy.

O IBGE estimou que 1,2 milhão de brasileiros estavam desocupados em abril, estável na comparação com março. Frente a abril de 2013, houve queda de 17%.

Mesmo em um momento de baixa confiança dos empresários, com menor oferta de vagas, a maior parte das pessoas que procura emprego acaba encontrando.

O número de pessoas que trabalham, estimado em 22,9 milhões, não tem crescido. O total de trabalhadores com carteira assinada no setor privado também não variou na comparação com março, ficando em 11,7 milhões. “Não tem apresentado movimentos que façam que haja aumento de população [ocupada] em números significativos. Ela não estava diminuindo, mas ela também não estava crescendo. Podemos dizer que estava vivendo um cenário de estabilidade da ocupação”, completou a técnica da Coordenação de Trabalho e Rendimento do IBGE.

“A população ocupada vai depender tanto da iniciativa de quem procura o trabalho, e o lado da demanda por trabalho, que são os contratantes. Como a pesquisa é domiciliar, eu estou analisando o movimento do respondente que diz que está procurando ou não e se está ocupado. No que diz respeito à PME [pesquisa mensal de emprego], ela não está captando aumento da ocupação”, afirmou.

Rendimento
Apesar da queda no desemprego, o rendimento médio real habitual dos ocupados ficou menor no mês passado, de 0,6% frente a março, caindo de R$ 2.040,27 para R$ 2.028,00. A massa de rendimento real habitual (total dos rendimentos pagos) também teve queda, de 0,5%, para R$ 47,2 bilhões.

A maior queda de salário foi registrada entre os trabalhadores da educação, saúde, serviços sociais, administração pública, defesa e seguridade social, de 2,4% em relação a março. Já os trabalhadores da construção tiveram alta de 2,3%.

“O rendimento no mês de abril a gente teve uma pequena redução de 0,6% e aumento na comparação de doze meses. Além da questão do rendimento ter aumentado no período, a gente percebeu também um aumento da formação de postos de trabalho, ainda que num percentual menor dos que vinham sendo observados em meses dos anos anteriores, de emprego com carteira. Esse aumento com emprego com carteira veio acompanhado com a redução do contingente de trabalhadores que estariam sem o emprego, sem a carteira”, explicou Adriana.

“De modo geral, a PME mostrou um mercado de trabalho que no momento não está apresentando movimentos significativos, seja no que diz respeito na taxa de desocupação como também no comportamento do rendimento e também nas formas de vínculo de emprego”, concluiu.

Regiões
Segundo o IBGE, o desemprego ficou praticamente estável em todas as regiões pesquisadas. O maior recuo foi registrado em São Paulo, onde a taxa caiu de 5,7% para 5,2% na passagem de março para abril. Houve alta apenas em Recife, onde o desemprego passou de 5,5% para 6,3%.

Frente a abril de 2013, houve recuo no Rio de Janeiro (de 4,8% para 3,5%), São Paulo (6,7% para 5,2%), Porto Alegre (de 4% para 3,2%), Belo Horizonte (de 4,2% para 3,6%) e Recife (de 6,4% para 6,3%). Na contramão, o desemprego aumentou em Salvador, passando de 7,7% para 9,1% – a maior taxa entre as regiões pesquisadas.

Pesquisa deve acabar este ano
A Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, está prevista para deixar de ser divulgada a partir do início de 2014. A expectativa é que ela seja substituída pela Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), que tem maior abrangência. Enquanto a PME reúne dados de seis regiões metropolitanas, a Pnad Contínua traz o cenário do emprego em 3,5 mil municípios.

Os primeiros dados da nova pesquisa mostraram taxas de desemprego mais elevadas que as da PME: no fim de 2013, o levantamento da PME mostrou taxa de 4,3%, enquanto a Pnad apontou desemprego de 6,2%.

A nova pesquisa, no entanto, vem sendo questionada, e o IBGE chegou a anunciar a suspensão de sua divulgação, mas voltou atrás na decisão. Segundo o instituto, a suspensão foi motivada por questionamentos feitos por parlamentares e tem como objetivo fazer uma revisão na metodologia de coleta e cálculo da renda domiciliar per capita (por pessoa). O instituto explica que o cálculo atual prevê margens de erro diferentes para a pesquisa entre os estados, o que prejudica a comparação dos resultados.

Segundo o IBGE, as estimativas de renda domiciliar per capita são um dos itens considerados na distribuição de recursos aos estados por meio do Fundo de Participação dos Estados (FPE), do governo federal. De acordo com a legislação, estados com renda per capita mais elevada podem receber fatias menores de repasses do FPE.

 

 

Fonte: G1 

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