Deu Lula no New York Times

Por:DAVIS SENA FILHO

A dor e a ira da Casa Grande são imensas. A inveja e o rancor também. Para amenizar tão vis e arraigados sentimentos e preconceitos de classe, origem e raça, os membros de tal Casa herdeira da escravidão e seus agregados ideológicos de classe média vociferam contra o ex-presidente trabalhista, tanto nas colunas e blogs da imprensa hegemônica e alienígena, bem como seus leitores mostram para o que vieram, e proferem as piores e as mais desrespeitosas e degradantes palavras, que demonstram como esses pequenos fascistas pensam contra aqueles que pertencem a outro campo político e ideológico, além de professarem sua fé na intolerância, na violência, na mentira, e, sobretudo, no miserável e hediondo conceito de considerar que pertencem a um grupo social superior aos outros segmentos da sociedade, no que diz respeito à sua condição de cidadão.

Trata-se de uma aliança espúria, não oficial, mas que toda pessoa com um mínimo de senso crítico percebe que os donos do sistema midiático comercial e privado, os políticos do PSDB, do DEM e do PPS e grande parte dos procuradores da PGR e dos juízes do STF atuam e agem de forma alinhada, inquestionavelmente política, partidária e vocacionada a fazer oposição sistemática aos governos trabalhistas, que ocupam democraticamente a cadeira da Presidência da República há mais de dez anos. Enquanto isso a classe média de essência lacerdista mantém sua crença no que já deu errado, a começar pelo golpe de 1964, e continua a dar suporte àqueles que sempre desprezaram a população, bem como sempre lutaram contra a conquista da plena cidadania do povo brasileiro.

Mais do que isto. Apresentam um Brasil derrotado, sem esperança e futuro, bem como vazio de conquistas sociais e econômicas, principalmente nesses últimos dez anos, ao contrário do que vêem e afirmam os líderes políticos mundiais, a imprensa estrangeira e os números e índices do IBGE, do Banco Central, do Ministério da Fazenda, da Receita Federal e até mesmo das instituições financeiras de espoliação, rapinagem e pirataria, a exemplo do Bird e do FMI, instituição esta que o ex-presidente tucano, Fernando Henrique Cardoso — o Neoliberal — pediu esmolas por três vezes, de joelhos e com o pires nas mãos.

E o que tudo isso tem a ver com o Lula? Respondo: tem, e muito. Tanto quanto o estadista Getúlio Vargas em sua época. O principal e mais importante político do Brasil, ao contrário do que prega a nossa “elite” carcomida pelo tempo, provinciana, reacionária e retrógada, no que é relativo ao desenvolvimento social e à emancipação do povo brasileiro, é cosmopolita e por isso compreendido pelos brasileiros mais humildes ao tempo que pelos doutores das principais universidades do planeta, que o receberam para homenageá-lo inúmeras vezes após o político petista ter saído da Presidência, como comprovam a própria imprensa burguesa em suas matérias direcionadas a tratar o político trabalhista com desdém, desrespeito e deboche.

São a Casa Grande brasileira e seus agregados que confundem, propositalmente, a educação formal com a formação autoditada e a inteligência e a cultura natas a um homem que fundou o maior partido trabalhista da América Latina e um dos maiores do mundo, bem como um dos fundadores da maior confederação de trabalhadores deste País, como é o caso da CUT, além de ser eleito presidente duas vezes e eleger a sua sucessora Dilma Rousseff. O operário que elegeu uma mulher pela primeira vez no Brasil.

E tem gente, desnorteada e que ignora a nossa história, que acha esses fatos e realidades irrelevantes, como o são irrelevantes a desfaçatez e a incongruência do pensamento dos colunistas e especialistas de prateleiras do campo da direita midiática, que reescrevem a história a seus bel-prazeres, ao ponto de uma pessoa desavisada pensar que o Brasil está a vivenciar a mesma crise moral e econômica dos europeus e dos estadunidenses, que estão a enfrentar uma crise muito mais grave do que a de 1929, por, evidentemente, vivermos em um mundo globalizado, muito mais complexo e com uma economia internacional de dimensão exponencialmente maior.

Lula não é um político comum, porque se trata de uma liderança organicamente inserida na sociedade e densamente e profundamente enraizada na memória e no imaginário popular. O petista é um intelectual orgânico e por isso sabedor das necessidades e demandas populares, porque conhece o povo e o povo o conhece. Essa química é o que a burguesia não compreende, e, consequentemente, teme. Tal medo é derivado do desconhecimento do Brasil profundo e de seu povo de maioria negra ou mestiça, por parte das classes sociais abastadas, dos políticos de direita, da academia conservadora, da imprensa de negócios privados, de juízes e procuradores reacionários, e, obviamente, de grande parte da classe média tradicional.

O problema dessa gente é que o Lula não foi cooptado pelo establishment. O líder trabalhista não é o Eduardo Campos, a Marina Silva, a Heloísa Helena, o Cristóvam Buarque, o Fernando Gabeira e o Roberto Freire, somente para citar esses, porque tem muito mais políticos de passado esquerdista que se tornaram subservientes aos interesses dos querem preservar o status quo. Lula dialoga com o establishment, mas não se associa a ele. Ponto.

Lula recebeu, no Palácio do Planalto, segmentos sociais oprimidos, como os sem-terras, os catadores de latas, os pequenos agricultores, os ambulantes, os gays, os portadores de deficiência física, dentre muitos outros setores sem visibilidade e poder de reivindicação. Esses episódios aconteceram. São visíveis e verdadeiros, e a história, que é narrada, relatada e escrita por historiadores e não por historialistas da imprensa e das academias, vai mostrar, inapelavelmente, essa realidade. São os casos de Getúlio Vargas e João Goulart, vitimas de uma imprensa de mercado e corporativa violentíssima, que desde sempre apoiou os golpistas deste País e deu cinicamente ares de legalidade à quebra da normalidade democrática, pois conspirou e cooperou para rasgar criminosamente a Constituição.

A direita, a classe dominante, proprietária dos meios de comunicação de opressão, conta sua história manipulada e mentirosa até a terceira página, porque depois os pesquisadores, os historiadores, os cientistas sociais e a própria memória do povo brasileiro tratam de colocar, através do tempo, os pontos nos “is” para resgatar a história. Esse processo acontece não apenas no Brasil, mas em todos os países. Somente os ingênuos ou os de má-fé intelectual não percebem essas questões ou não têm capacidade para discernir sobre o assunto. Questões, evidentemente, essenciais para a compreensão de um protagonista tão importante da história do Brasil, País muito maltratado por uma burguesia e mídia possuidoras de um incomensurável complexo de vira-lata e ávidas em retomar o poder central.

Acontece que, para a irritação, o rancor e a intolerância dessa gente medíocre, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, entre outros afazeres de âmbitos nacionais e internacionais é o novo colunista do The New York Times, considerado o mais importante diário do mundo. O político trabalhista brasileiro vai ser pago. Aliás, bem pago, para a infelicidade e ira dos burgueses e pequenos burgueses de índoles invejosas e perversas. Já vejo os membros da Casa Grande e seus agregados, herdeiros da escravidão, a cortar os pulsos e a lacrimejar lágrimas de crocodilos. É isso aí.

 

 

Fonte: Brasil 247

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