Nesta quinta-feira (25) se comemora o Dia Nacional do Orgulho Gay. A data simboliza não apenas a visibilidade enquanto gay, mas da visibilidade LGBTQIA+ como um todo. A data tem como objetivo principal conscientizar a população sobre a importância do combate à homofobia para a construção de uma sociedade livre de preconceitos e mais igualitária, independente do gênero sexual.
Afinal, temos o que comemorar? Ativistas respondem
As conquistas são à passos lentos, mas é preciso celebrar. É possível destacar a adoção por casais homossexuais e o uso do nome social por pessoas trans ou travestis. No Brasil, o último “marco” foi em 2019, quando o Supremo Tribunal Federal aprovou no dia 13 de junho a criminalização das lgbtfobia.
“A gente poderia dizer que esse é um debate que está sendo melhor apresentado pela mídia, pelo próprio movimento social. Mas quando a gente diz em conteúdo para comemorarmos, ainda fica muito no campo do que nós gostaríamos de avançar e não conseguimos avançar por conta da conjuntura nacional em que estamos vivenciando”, explica a Psicóloga (CRP 03 16763) e Ativista LGBT Iana Aguiar.
“É uma data de celebração da vida, do amor, da diversidade, de sujeitos que historicamente não foram reconhecidos. É preciso rememorar as pessoas que reivindicaram as suas vidas. Rememorar Keila Simpson, Luiz Mott e todos aqueles que nos antecederam e fizeram diferença para o país e o mundo”, diz o Ativista LGBT e Mestrando no IHAC/UFBA, Ícaro Jorge.
É possível sonhar que um dia a população LGBTQIA+ viverá com direitos iguais no Brasil?
Em 2020, o Brasil continuou sendo, pelo 12º ano consecutivo, o país que mais mata pessoas trans no mundo. Os dados são do Trans Murder Monitoring (“Observatório de Assassinatos Trans”, em inglês). Segundo um levantamento feito em 2019, pelo Grupo Gay da Bahia, o Brasil segue no topo dos países onde mais se mata a população LGBTQIA+.
“Ainda cabe sonhar. O sonho possibilita o combate à barbárie, o combate a tirania. Eu insisto dizer que os tiranos não aguentam sobreviver ao combate contra os sonhos das pessoas boas, das pessoas que querem viver, que anseiam mudanças. Quem sonha nunca será covarde. A luta é difícil, ela precisa ser organizada, coletiva e a gente precisa se alinhar”, afirma Ícaro Jorge.
“Nós vivemos de sonhos, então sonhar é sempre possível. Mas se formos pautar os nossos sonhos na atual conjuntura que estamos vivendo hoje eu diria que, para a gente voltar a sonhar, seria necessário que a gente mudasse a gestão do governo nacional. Não consigo identificar possibilidade de avanço das pautas e essas pautas não são superficiais. É difícil falarmos de sonhos em um país que mais mata pessoas LGBTQIA+, onde temos uma figura como principal líder político, que é o caso do presidente, que em seus discursos sempre representa elementos de LGBTfobia. Cabe sonhar? Sempre cabe sonhar, mas melhor que sonhar é realizar. Na atual conjuntura, não poderemos realizar”, pontua Iana.
A origem da data
A data é marcada por um levante LGBTQIA+ contra a violência policial estadunidense: a Rebelião de Stonewall Inn. O movimento foi batizado em referência ao nome de um bar que era, e ainda é, frequentado por gays e que sofria truculências policiais, sem justificativas.
A 1ª Parada do Orgulho Gay, inclusive, foi organizada no ano seguinte (1970), para lembrar e fortalecer o movimento de luta contra o preconceito. A Revolta de Stonewall Inn é tida como a “virada de chave” do movimento de igualdade civil dos homossexuais no século 20.
A sigla LGBTQIA+
Atualmente a sigla utilizada para se referir à comunidade é LGBTQIA+. O símbolo + é para representar qualquer outra pessoa que não esteja presente nas iniciais. Veja a descrição abaixo:
Lésbica: mulheres que sentem atração sexual ou sentimental por outras mulheres.
Gay: homens que sentem atração sexual ou sentimental por outros homens. O termo também pode ser utilizado para mulheres homossexuais.
Bissexual: pessoas que sentem atração (afetiva ou sexual) por ambos os sexos.
Transsexual ou Travesti: pessoas que se identificam com um sexo diferente do seu nascimento. Por exemplo: uma pessoa que nasceu com o sexo biológico feminino, mas se identifica como homem, é um homem transgênero.
Queer ( ou Não-binário): pessoas que se identificam com um gênero próprio seu, independentemente da sua genitália. Ou seja, a pessoa não se define nem como homem, nem como mulher, mas transita entre eles.
Intersex: indivíduos com diferenças congênitas nas características sexuais físicas – o que antigamente era chamado de hermafrodita.
Assexual: é a falta de atração sexual, ou falta de interesse em atividades sexuais — pode ser considerada a ‘falta’ de orientação sexual.
Pansexual: é a atração sexual ou romântica por qualquer sexo ou identidade de gênero.