Diplomacia brasileira ganha força com acordo iraniano

Analistas ressaltam papel de Lula, mas criticam sua política sobre os direitos humanos


A diplomacia do Brasil reforçou nesta segunda-feira sua presença no cenário internacional ao alcançar um acordo com Turquia e Irã para a troca de material nuclear iraniano, estimam analistas políticos.

 

Para o professor da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), Marcelo Coutinho, “se for confirmado que o Irã acatará esse acordo, o Brasil terá marcado um golaço de sua diplomacia”.

Rubens Figueiredo, professor da USP (Universidade de São Paulo), tem opinião parecida.

 

– Se o acordo é o que foi dito, é uma vitória sem igual e o Brasil pela primeira vez se impõe no centro da diplomacia internacional. O problema é o Irã cumprir o que assina, já que em outras vezes não o fez.

 

Brasil ganhou projeção no governo Lula

Nos oito anos de governo de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil conseguiu uma inserção internacional que nunca teve. O palácio do Planalto (sede da Presidência) e o Itamaraty (sede do Ministério das Relações Exteriores) receberam os principais líderes da política mundial nesses anos.

 

Com sua defesa das relações sul-sul e de mais espaço para o mundo em desenvolvimento frente à hegemonia da Europa e dos Estados Unidos, Lula começou sendo convidado para as reuniões do G8 de países mais poderosos do planeta e acabou consolidando o G20, um dos principais grupos internacionais de debate que agrupa as nações ricas e as emergentes.

 

Após a visita ao Brasil no fim de 2009 do presidente iraniano Mahmoud Ahmadinejad, como também do israelense Shimon Peres e do palestino Mahmoud Abbas (a quem Lula visitou em março), o governo Lula mostrou disposição para servir de mediador nessa região do planeta, argumentando que um país não envolvido historicamente no conflito poderia ter sucesso.

 

Ainda que não tenha conquistado seu objetivo no conflito entre palestinos e israelenses, para a questão iraniana se aliou à Turquia.

 

Revista diz que Lula é “estrela” da diplomacia

Nesta segunda-feira (17), Irã, Turquia e Brasil chegaram a um acordo para a troca de urânio iraniano por combustível nuclear, a ser enriquecido a 20% em território turco.

 

O acordo, recebido com cautela pela comunidade internacional, tem como objetivo superar a crise aberta pela política nuclear do Irã e busca evitar que Teerã produza combustível para fins bélicos.

 

Um artigo da revista Foreign Policy no fim de 2009 considerou Lula como “uma estrela do rock no cenário internacional” e seu chanceler Celso Amorim como “o melhor ministro de Relações Exteriores do mundo”.


Brasil também coleciona derrotas

Os analistas também destacam “derrotas” na diplomacia brasileira, uma vez que o país não conseguiu seus grandes objetivos: uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, um acordo mundial na OMC (Organização Mundial do Comércio), nas quais foi protagonista, e um Mercosul mais unido e ativo.

 

Uma dos questionamentos é a posição pouco crítica no tema dos direitos humanos, especialmente com Cuba e Irã.

 

Para Christian Lohbauer, do Grupo de Conjuntura Internacional da USP, a diplomacia brasileira demonstrou “mais demagogia que pragmatismo de resultados”.

 

Coutinho, da UFRJ, diz, no entanto, que se o acordo com o Irã for confirmado, Lula “termina seu mandato com um enorme saldo positivo em sua diplomacia e ninguém se lembrará de suas derrotas.

 

Caso contrário, será a maior fraude das relações internacionais, só superada pela Guerra do Iraque”.

 

 

Fonte: R7

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