O rapper mineiro, de 25 anos, mostra maturidade ao refletir sobre os obstáculos até ‘Histórias da minha área, seu quarto álbum de estúdio
Por Guilherme Henrique, do El País
A foto de capa de Histórias da minha área, quarto álbum de estúdio do rapper mineiro Djonga, configura uma espécie de linha tênue onde o artista se equilibrou durante parte da sua vida. Ao mesmo tempo em que aparece sentado e sorrindo, seu corpo também está crivado de balas e deitado no chão. Mas não só ele. Todos os integrantes que compõe a imagem são frutos dessa dubiedade.
A trajetória de Djonga, construída na zona leste de Belo Horizonte, precisava ser reverenciada de alguma maneira. “Você só vai ser o maior do Brasil depois que for o maior da sua rua”, decreta em uma das dez faixas que compõe o novo trabalho. Ao relembrar o lugar de onde veio, mantém o discurso ácido presente desde Heresia, seu primeiro disco, ainda que a melancolia da perda e o desespero da ausência estejam igualmente presentes. “Eu tava lá, eu vi acontecer/Tô cheio de ódio e com saudade de você” reflete em Não Sei Rezar.
Djonga desvela as camadas do novo disco, lançado na sexta-feira,13, utilizando o que aprendeu na rua e também no curso de história na Universidade Federal de Ouro Preto, onde estudou até o último semestre. Aos 25 anos, o rapper exibe maturidade. Além do já citado Heresia, compõe sua discografia O menino que queria ser Deus (2018) e Ladrão (2019). “Disco de platina na minha sala/ e ainda assim não me sinto completo / Corro atrás do que ainda não tem nome/ Juro que não tenho tesão por nenhum objeto” (Otro patamá). O tesão, neste caso, é utilizar a arte para causar desconforto e movimentar as estruturas.