Documento final da CSW leva parecer de organizações negras do Brasil

Geledés, Criola e Casa Sueli Carneiro participam diretamente da elaboração de parágrafo que discorre sobre a tomada de decisões referentes às mulheres afrodescendentes

FONTEKátia Mello - katiamello@geledes.org.br
Geledés na Onu - Foto: Natália Carneiro

Em parceria estabelecida entre Geledés – Instituto da Mulher Negra e as organizações-não-governamentais Casa Sueli Carneiro e Criola, foi-se possível alcançar um importante resultado no documento final da 68ª. Sessão da Comissão sobre a Situação da Mulher (CSW), que começou no dia 11 de março e terminou nesta sexta-feira, 22, em Nova York.

A temática do encontro deste ano da CSW era “Acelerar a concretização da igualdade de gênero e o empoderamento de todas as mulheres e meninas, combatendo a pobreza e fortalecendo as instituições e o financiamento com uma perspectiva de gênero”. Neste ambiente, as três organizações conseguiram emplacar no documento final um parágrafo fundamental para a população de mulheres e meninas afrodescendentes em todo o mundo.

“A Comissão reconhece também o contributo significativo das mulheres e meninas afrodescendentes para o desenvolvimento das sociedades e a importância de garantir a participação e a tomada de decisões plenas, equitativas e significativas das mulheres afrodescendentes em todos os aspectos da sociedade, nomeadamente abordando pobreza e reforçar as instituições e o financiamento com uma perspectiva de gênero”, diz o texto exatamente como as organizações o propuseram. Este documento é de extrema importância porque é orientador dentro das Nações Unidas ao que os Estados, inclusive o brasileiro, devem perseguir como meta.

Foto: Gabriel Dantas

De longe parece ser simples emplacar um parágrafo em um documento final de uma comissão das Nações Unidas. Mas não é bem assim. Esta foi uma conquista histórica só reconhecida 23 anos após Durban. E para tal, além da parceria entre as organizações, foi preciso que as entidades tivessem acesso às sessões das Nações Unidas e também expertise no assunto, além de conhecer o ambiente de negociações e como se movimentam os diferentes atores.

Portanto, para se alcançar tal êxito foi necessário um treinamento das participantes negras com informações técnicas, consistentes e baseadas em evidências. Sob a batuta do consultor internacional de Geledés, Iradj Eghrari, cada interlocução foi desenhada com o objetivo de se alcançar bons resultados.

O treino foi oferecido pela Ford Foundation em parceria com Geledés a organizações de mulheres negras, mas nem todas conseguiram aportar em Nova York. A partir do treinamento, as organizações começaram a agir nos diferentes ambientes, abrindo espaço para possíveis intervenções.

Depois de uma semana de trabalho, finalmente hoje sai o documento da Comissão sobre a Situação da Mulher, com evidente beneficiamento a todas as mulheres negras do planeta.

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