A edição impressa da revista britânica The Economist traz nesta semana uma reportagem em que aponta para o risco de um apagão das telecomunicações no Brasil, em especial nos dois próximos grandes eventos esportivos que o país abrigará: a Copa do Mundo, em 2014, e as Olimpíadas, em 2016.
Segundo a publicação, a pane das redes de telefonia pode ocorrer caso não sejam feitos investimentos vultosos no setor, de forma a responder à demanda crescente por novas linhas.
A Economist afirmou ainda que o quadro não é otimista. O governo brasileiro fez o leilão para o oferecimento de serviço 4G nas cidades-sede do próximo Mundial, sob a condição de que tudo esteja pronto um ano antes do evento.
Porém, os vencedores foram, em sua grande maioria, empresas que não conseguiram atender à demanda pelo 3G e por serviços de voz.
Além disso, a revista citou o caso recente da proibição da venda de novas linhas pelas empresas Tim, Claro e Oi como outra evidência de que o caos não parece estar distante.
Segundo a publicação, apesar de as três operadoras terem concordado em gastar R$ 2 bilhões a mais, totalizando R$ 20 bilhões a serem investidos até 2014, o valor ainda é pouco para a Anatel. Segundo reportagem da revista de economia brasileira Exame, a agência defende investimentos da ordem de R$ 240 bilhões para a próxima década.
A revista citou como exemplo os Jogos Olímpicos de Londres. Segundo estatísticas levantadas pela Economist, a sobrecarga nas redes de telefonia móvel da capital londrina aumentou sete vezes em relação a de Pequim, em 2008.
Infraestrutura
A urgência na necessidade de investimento em infraestrutura no Brasil, em um aspecto mais amplo, também foi abordada em outra reportagem da mesma edição da revista.
Mas, segundo a Economist, embora o governo brasileiro tenha acenado com investimentos da ordem de R$ 160 milhões – o que, para um economista do banco americano Morgan Stanley citado pela revista, ainda é pouco – investidores privados não parecem confiantes de aplicar dinheiro em obras monumentais e necessárias ao crescimento brasileiro.
Para a revista, além dos altos custos envolvidos e do baixo retorno esperado, o país ainda sofre com uma via-crúcis burocrática. A publicação cita um investidor cuja companhia teria tido de esperar vários meses para tomar o controle de um terminal portuário uma vez que precisava recolher assinaturas de 21 órgãos diferentes.
A Economist conclui a reportagem destacando que o gargalo de infra-estrutura é um dos principais desafios da presidente Dilma Rousseff. Ela terá que encontrar meios para atrair capital privado, de modo a não só permitir a construção dos estádios necessários para a Copa do Mundo e das Olimpíadas, como também assegurar o futuro do país.
Fonte: BBC