O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso desde abril de 2018 em Curitiba, quebra o silêncio pela primeira vez com autorização da Justiça nesta sexta-feira em uma entrevista exclusiva ao EL PAÍS e ao jornal Folha de S.Paulo. Está disposto a falar. E fala muito. Enérgico, mexe as mãos, faz piadas, metáforas, ironias, e aproveita suas duas horas de publicidade para devolver ferroadas. “Imagina se os milicianos do Bolsonaro fossem amigos da minha família”. Após ver que o Superior Tribunal de Justiça reduziu sua pena por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do triplex do Guarujá, Lula acredita que pode ser absolvido. Mas diz não temer morrer na prisão.
Por F. F. J., do El País

Três agentes policiais armados acompanham a entrevista. Um deles é Jorge Chastalo Filho. De vez em quando ele olha para Lula e segue o que o ex-presidente fala. Parece prestar atenção. Logo volta seu olhar para os demais integrantes da sala: os jornalistas, advogados de Lula e Franklin Martins, ex-ministro da Secretaria de Comunicação dos governos Lula. Chastalo é o agente que mais tem contato com o ex-presidente enquanto ele está em sua “sala”, onde lê o conteúdo dos pen drives que ganha das visitas que recebe semanalmente. Esta semana foi a vez do sociólogo italiano Domenico Demasi.
Pergunta. A prisão do senhor foi um dia histórico. O que passou pela cabeça quando estava sendo preso e conduzido?
Resposta. Durante todo o processo, sempre tive certeza