Eleição se ganha na rua, não impugnando candidaturas, diz Lula sobre quebra de sigilo

Alexandre de Santi 
Especial para o UOL Eleições 
Em Esteio

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva confirmou nesta sexta-feira (3), que foi abordado pelo candidato do PSDB à Presidência da República, José Serra, sobre o vazamento de dados fiscais da filha do tucano, Verônica, em janeiro passado. Em visita à Expointer, uma das maiores feiras agropecuárias da América do Sul, na cidade gaúcha de Esteio, Lula criticou Serra e o PSDB pelo pedido de impugnação da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff.

“Acho que o Serra precisa saber uma coisa. Uma eleição a gente ganha convencendo os eleitores a votar na gente. Não é tentando convencer a Justiça Eleitoral a impugnar a adversária. Isso já aconteceu em outros tempos de ditadura militar. Em tempos de democracia, o ‘seu’ Serra que vá para a rua, que melhore a qualidade do seu programa, que faça propostas de coisas que ele quer fazer pelo nosso país, que apresente soluções para o crescimento industrial”, disse o presidente.

Depois de cancelar uma coletiva de imprensa e evitar responder perguntas de repórteres ao longo da visita, além de passar por pavilhões da feira, onde foi recebido com aplausos entre tendas da agricultura familiar e algumas vaias quando visitou bovinos e ovinos, Lula minimizou o episódio de vazamento de dados fiscais de filha de Serra, classificando de o fato como “secundário”. Disse que preferia falar sobre a feira e sobre agricultura: “O resto é campanha política e os candidatos que se preocupem”.

Questionado se havia sido alertado sobre o episódio por Serra, Lula disse: “Não, ele não alertou. Ele se queixou do que estava acontecendo com ele na internet. Como eu sou vítima disso há muito tempo, sempre achei que a internet livre tem coisas extraordinariamente sérias e tem coisas levianas”.

O presidente disse também que “não há nada demais” na internet sobre a filha de Serra. “Não tem nada demais. Tem insinuações como tem contra o presidente Lula, como tem contra a família do presidente Lula, como contra vocês, jornalistas, individualmente. Vivemos numa democracia e temos que aprender a respeitar. Querer que eu censure a internet, não é meu papel. E não vou censurar”, completou.

“Hoje, ele deve estar com dor de cabeça porque o PIB vai crescer acima daquilo que os mais pessimistas previam que ia crescer. O Brasil vive um momento de ouro e eu não vou permitir que nenhuma ‘futrica’ menor – porque não tem nenhuma acusação grave contra o Serra ou contra qualquer coisa. Tem as coisas de internet contra o Serra e contra todo mundo. Então, o presidente da República tem coisa mais séria para cuidar do que cuidar das dores de cotovelo do Serra”.

Lula ficou pouco mais de duas horas no Parque de Exposições Assis Brasil e deixou o local ao final da curta entrevista.

Fonte: UOL

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