Eleições França: Um negro contra Sarkozy e Le Pen

Vitórias de Ali Soumaré, candidato socialista de origem maliana, e de Le Pen, líder da extrema-direita, e derrota de Nicolas Sarkozy marcam a 1ª volta das eleições regionais francesas.

Os socialistas (com mais de 29% dos votos) e os ecologistas (perto de 13%) ganharam confortavelmente, ontem, a primeira volta das eleições regionais em França. As duas formações pretendem agora concretizar o sucesso conquistando no próximo domingo, na segunda volta, a maioria parlamentar na totalidade das 22 assembleias regionais francesas.
A crise e o desemprego não explicam, só por si, a amplidão da derrota do partido do Presidente Nicolas Sarkozy, nas eleições regionais francesas – a UMP – União para um Movimento Popular alcançou pouco mais de 26%, tendo uma fraca reserva de votos para a segunda volta.
Racismo de volta

O debate sobre a identidade nacional, que favoreceu o desenvolvimento do racismo no país, foi decisivo para o regresso da extrema-direita a votações significativas em França, roubando votos à UMP.
A extremista Frente Nacional alcançou perto de 12% dos votos em todo o pais e mais de 20% em Marselha, onde o seu líder, Jean-Marie Le Pen, é candidato à Presidência da região que engloba a célebre Côte d’Azur. A nível nacional, a extrema-direita duplicou os votos em relação às recentes eleições europeias e a UMP perdeu perto de 10 pontos.
O caso de Ali Soumaré, candidato socialista em Villiers-leBel, na região parisiense, também merece ser destacado. Ali Soumaré, negro, foi atacado durante a campanha por candidatos da UMP, que o qualificaram de “delinquente recidivo”.
Ali Soumaré tem eleição garantida

As provas contra o candidato de origem maliana nunca apareceram e as acusações chegaram mesmo a ser desmentidas pela Justiça. Os ataques contra ele foram igualmente considerados como tendo bases racistas. Ali Soumaré atingiu quase 48% dos votos na primeira volta, indo ser, sem dúvida, eleito deputado regional, com grande facilidade, no próximo domingo.
Ali Soumaré saboreou a vitória dizendo estar preocupado com o novo surto do racismo em França. Em Villiers-le-Bel, o negro de origem maliana viu a sua luta aprovada pelo eleitorado, onde apesar de tudo a extrema-direita alcançou mais de 13% dos votos.
Mas le Pen também viu pessoalmente a sua luta apoiada em Marselha, onde concorreu apresentando um violento cartaz “contra o islamismo”, tendo como pano de fundo uma bandeira da Argélia.

Fonte: Expresso

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