Elite paulista é ‘preconceituosa’ em relação aos haitianos, diz governador do Acre

Elite paulista é 'preconceituosa' em relação aos haitianos, diz governador do Acre

“JULIANA COISSI DE SÃO PAULO

O governador do Acre, Tião Viana (PT), rebateu as críticas sobre a chegada de haitianos a São Paulo e atacou a “elite paulista” como “preconceituosa”.

O petista recorreu a redes sociais na tarde desta quinta-feira (24) para criticar declarações da secretária de Justiça de São Paulo, Eloisa Arruda.

À Folha a secretária chamou de “irresponsável” o procedimento do governo acriano de facilitar o deslocamento de 400 haitianos a São Paulo nas últimas duas semanas.

Em suas páginas em redes sociais, Tião Viana definiu as críticas como “preconceito racial” e parte de um processo de “higienização”.

“Como é que a elite paulista quer obrigar o povo do Acre a prender imigrantes haitianos em nosso território, preconceito racial? Higienização?”, escreveu o petista.

Imigrantes haitianos em São Paulo

Ainda segundo o governador, o Acre “já acolheu mais de 20 mil desses irmãos haitianos, em busca de ajuda humanitária”. “São mais de três anos de solidariedade.”

Após esse período, diz Viana, “com apoio de alguns ministérios, quando 200 [haitianos] tiveram dificuldades ao passar em São Paulo, o preconceito aparece”. “As elites preconceituosas querem o quê? Que prendamos essas pessoas? Que não as deixemos encontrar pais, mães e esposas que já estão no Brasil?”, completou.

“O ‘andar de cima’ das elites”, continua o texto do governador, “parece, mesmo, querer, em pleno século 21, assegurar seu território livre de imigrantes do Haiti? Vamos recomendar-lhes a releitura de Martin Luther King…I have a dream'”, finaliza o texto. Luther King foi o principal líder da luta contra o racismo nos Estados Unidos no século 20.

Desde o terremoto que devastou o Haiti em 2010, sobreviventes da tragédia começaram a migrar para o Brasil.

Depois de passar pela América Central, o primeiro ponto de chegada no Brasil tem sido o Acre. O acúmulo de imigrantes motivou a formação de um grande acampamento, em Brasileia. A partir deste local de apoio, os refugiados ganham documentação e se espalham pelo país em busca de emprego.

Com a lotação do abrigo público em Brasileia, o governo do Acre decidiu propor ao Ministério da Justiça o fechamento temporário da fronteira com o Peru, a fim de impedir o ingresso de novos refugiados do Haiti no Estado.

O acampamento, que é capaz de receber 300 pessoas por vez, está atualmente com 1.200 abrigados.

 

 

 

Fonte: Folha de São Paulo

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