Em 04 de Agosto, há 114 anos, nascia Louis Armstrong, dono da voz que transformou o jazz

Ele sonhou com um mundo melhor. E o fez, com aquele gogó dourado, capaz de trazer aspereza ao jazz, gênero que só existe da forma que o conhecemos hoje porque, no primeiro ano do século 20, em um 4 de agosto, como esta terça-feira, nascia Louis Armstrong.

no Diário do Grande ABC

A data de nascimento de Armstrong, aliás, só foi confirmada pelo historiador musical Tad Jones já nos anos 1980. Neto de escravos negros, o futuro músico nasceu em um berço pobre de Nova Orleans, no estado norte-americano da Louisiana.

A vida nunca lhe foi gentil – tratava-se de um rapaz afrodescendente em uma sociedade sulista e preconceituosa, que só aboliu a escravidão quatro décadas antes. Foi abandonado pelos pais e criado pela avó e pelo tio. Armstrong, contudo, lutou como nunca.

Cantou nas ruas e só foi capaz de comprar o primeiro trompete ainda jovem, antes dos 15 anos. Apoiado por uma família judia e caucasiana, os Karnofskys, Armstrong cresceu. Entendeu, inclusive, a discriminação em duas frentes diferentes – como descendente de escravos e presenciou o preconceito contra os judeus.

Armstrong brigou, lutou contra a discriminação da forma que sabia. Não era tão dado a explicitar opiniões políticas, embora tenha se pronunciado, por exemplo, contra o caso de segregação racial na escola Little Rock Central High School, em 1957.

O músico, que morreu em 1971, aos 69 anos, deixou sua marca ao romper a barreira racial em um período conturbado da história recente norte-americana. E o fez com um talento incomum. Incomparável, até. Situa-se hoje no olimpo do jazz, ao lado do contemporâneo Duke Ellington e de nomes que vieram depois, como Miles Davies e Charlie Parker.

Na voz, com uma técnica incomparável de scat (técnica de improvisação com o uso da voz) e no trompete, Armstrong fez história. Gravou “What a Wonderful World”, canção criada por Bob Thiele e George David Weiss, de forma magistral.

A música havia sido oferecida a Tony Bennett, que rejeitou a oferta. Melhor para Armstrong – e para o mundo, já que sua versão é definitiva. Cantou como poucos por esse “mundo maravilhoso”, como se as palavras fossem suas. Era a sua mensagem, por mais que não tivesse cunhado aqueles versos.

114 anos depois do nascimento do músico, a visão soa utópica. Ainda. Se, neste 4 de agosto, contudo, cada um de nós fizer um mínimo, dizer um “eu te amo”, como Armstrong cantava, o mundo definitivamente seria melhor – quer homenagem melhor do que essa?



+ sobre o tema

Gil, 45 anos depois do AI-5 e prisão: ‘foram momentos de agonia’

Neste dezembro de 2013, os 45 anos do AI-5....

Livro “12 Anos de Escravidão” será lançado no Brasil!

A Editora Companhia das Letras divulgou hoje que publicará...

Mano Brown mostra novidades sobre seu primeiro disco solo

por Mandrake Mano Brown apresenta pela primeira vez,...

Árbitros cruzam os braços contra racismo

Durante partidas pelo Campeonato Gaúcho, árbitros cruzam os braços...

para lembrar

Milton Nascimento

Milton Nascimento (Rio de Janeiro, 26 de outubro de 1942)...

Para conscientizar – Artistas africanos gravam música para campanha de combate ao ebola

Alguns dos mais conhecidos artistas africanos gravaram uma música...

Nova encarnação do Chic, de Nile Rodgers, solta primeira faixa de novo disco

A nova versão do Chic, influente grupo de disco...
spot_imgspot_img

Somos o mundo

Faz quase 40 anos, uma ação entre artistas mudou a forma de celebridades e sociedade civil se relacionarem com agendas humanitárias urgentes. A ficha...

Morre atriz e cantora Denise Assunção, que atuou em peças de teatro e na televisão

Morreu, nesta quinta-feira, a atriz e cantora Denise Assunção, aos 67 anos, em decorrência de complicações de um câncer no intestino. A informação foi divulgada...

SZA lança edição especial de CTRL com 7 faixas inéditas; confira

SZA marcou época com seu álbum de estreia, o CTRL (2017). Para honrar o legado e as inúmeras vezes que o álbum foi para o topo da...
-+=