Em 2025 comemoraremos a primeira década de significativa redução de desigualdade social no Brasil. Nossa sociedade mais igualitária será, evidentemente, mais segura, com índices baixos de violência às pessoas e ao patrimônio. Seremos destaque em raknings de qualidade de educação, acesso aberto ao conhecimento, empregabilidade, preservação ambiental, saúde e igualdade de gênero.
Por Bianca Santana, do Brasil Post
O racismo, combatido por inúmeras políticas públicas e privadas, será uma vergonha constantemente encarada, mas muito menor que nas décadas anteriores. Teremos conseguido coibir o genocídio de jovens negros nas periferias brasileiras depois de desmilitarizar a polícia e investir, seriamente, em políticas reparadoras. Povos indígenas terão garantido o acesso à terra e à preservação de sua vida e cultura. Serão estudados, de forma detalhada e aprofundada, em toda a educação básica.
Pessoas do campo terão modos de vida tradicionais respeitados e valorizados, a agricultura familiar e ecológica será a principal fonte de abastecimento do País. Finalmente, teremos uma população alfabetizada, escolarizada e com acesso à aprendizagem ao longo da vida, não só na infância e adolescência. Também haverá creche para todas as crianças.
As universidade pública produzirá pesquisa de ponta – aberta, de modo a beneficiar toda a sociedade – e terá projetos de extensão significativos, além da oferta de ensino de qualidade a todas as pessoas. Sem contar que a carreira docente, em todos os níveis de ensino, será valorizada e atraente tanto quanto a medicina ou o o direito.
Mulheres terão o direito de exercer livremente sua sexualidade, serão destaque na política, nas artes, e em todas as atividades profissionais. Não serão vítimas de abuso ou violência sexual. A Lei Maria da Penha e as inúmeras e constantes atividades de formação terão praticamente zerado as estatísticas de violência doméstica.
Os índices de cesariana serão exatamente os recomendados pela Organização Mundial da Saúde, quantificando o procedimento médico de urgência tão essencial para salvar a vida de mulheres e crianças.
A licença maternidade de dois anos poderá ser compartilhada pela mulher e pelo homem.
Com uma jornada de trabalho de seis horas por dia, vivendo em cidades com muito planejamento urbano e investimento em mobilidade, as pessoas terão tempo para produzir arte, estudar, praticar esportes ofertados de forma abundante. Além do produto interno bruto, o Brasil vai ter um elevado índice de felicidade interna bruta.
Historiadoras e historiadores vão se surpreender com os anos de 2015 e 2016. Em um fenômeno emergente (bottom-up) e descentralizado, a sociedade civil terá articulado complexos e eficientes mecanismos de deliberação e execução de políticas, que servirão de inspiração a diversos países.
Em um clima de intolerância crescente, enquanto fervilhavam os debates sobre redução da maioridade penal e flexibilização de leis trabalhistas, com professores apanhando nas ruas ao exercerem o direito à manifestação, pequenos grupos se auto-organizam por toda parte, realizando no cotidiano as mudanças que querem ver no mundo. As mudanças micro contaminam a macro-política e profundas mudanças, que pareciam impossíveis, acontecem em velocidade exponencial.
O mais curioso será a certeza de que tantas mudanças foram possíveis graças à crença utópica de que as mudanças (todas elas) são necessárias e devem ser construídas aqui e agora, em mim e no que está ao alcance das minhas mãos.
Este post é parte de uma série que comemora os 10 anos de HuffPost através das opiniões de especialistas que olham para a próxima década em suas respectivas áreas. Leia aqui todos os posts da série.
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