Em aniversário de 37 anos, Geledés celebra legado e se projeta para o futuro 

Enviado por / FontePor Beatriz de Oliveira

Artigo produzido por Redação de Geledés

Neste 30 de abril de 2025, Geledés – Instituto da Mulher Negra celebra 37 anos de existência. Ao longo dessas mais de três décadas, a organização, que se forjou no combate ao racismo e ao sexismo, segue trazendo as mulheres negras e suas demandas para o centro do debate e se projeta para se manter atuante nos anos que virão. 

“Celebrar 37 anos de Geledés é, antes de tudo, celebrar a força política das mulheres negras no Brasil. É lembrar que em 30 de abril de 1988, na Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, um grupo de mulheres ousou fundar uma organização comprometida com aquilo que a sociedade brasileira sempre negou: a dignidade da vida negra e feminina”, afirma Sueli Carneiro, filósofa e cofundadora da organização. 

Sueli Carneiro, filósofa e cofundadora de Geledés – Instituto da Mulher Negra – Foto: Foto: eyes@grazi

O grupo de mulheres a que Sueli se refere é o seguinte: Ana Lucia Xavier Teixeira, Aparecida Inês Pereira Santos, Deise Benedito, Eufrosina (Lola) Tereza de Oliveira, Edna Roland, Maria Lúcia da Silva, Solimar Carneiro, Sônia Nascimento e Sueli Carneiro.

Fundado às vésperas da promulgação da Constituição Cidadã de 1988, num período de efervescência do movimentos negro. De lá pra cá, Geledés se constitui, nas palavras de Sueli Carneiro, como “um instrumento político de combate ao racismo, ao sexismo, de amplificação da voz de mulheres negras, suas demandas e reivindicações”. 

Visando o futuro, a militante entoa: “Vida longa a Geledés! Eu quero que as novas gerações celebrem o centenário de Geledés.”

Para Antonia Quintão, atual presidenta de Geledés, a instituição se mantém fundamental na resistência e na luta da população negra brasileira. “Nesses 37 anos, o que eu desejo é que Geledés continue inspirando, deixando seu legado e revelando essa história de resistência e de resiliência das mulheres negras que tem sido historicamente apagada”, diz. 

Antonia Quintão, atual presidenta de GeledésFoto: eyes@grazi

A presidenta faz ainda uma reverência à ancestralidade: “se nós chegamos aqui é porque mulheres negras que nos antecederam lutaram em condições muito piores do que as nossas”. 

Geledés realizou série de atividades em abril para celebrar aniversário

Neste ano, a organização realizou uma série de atividades para marcar o aniversário ao longo do mês de abril em sua sede, recebendo convidadas para tratar de assuntos necessários para a agenda de raça e gênero. A programação contou com painéis sobre violência contra a mulher, a importante atuação das promotoras legais populares, o processo de construção da Marcha das Mulheres Negras 2025 e estratégias em comunicação, com foco na juventude. 

Natália de Sena Carneiro, coordenadora de Comunicação Institucional – Foto: Foto: eyes@grazi

“Nossa ideia é, cada vez mais, promover diálogos em nossa organização (…) trazendo o público em geral para participar dos nossos debates e inquietudes. É um processo de construção do futuro da organização”, explica Natália de Sena Carneiro, coordenadora de Comunicação Institucional. 

Sobre o legado da organização, a coordenadora afirma que “a importância de Geledés é olhar para a memória, uma memória construída não só pela organização, mas por todo legado de mulheres negras”. E acrescenta: “mas também, sempre visando o futuro, que vai trazer novas gerações para continuidade dessa organização e um futuro também que traz a inovação para o movimento de mulheres negras”.

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