Em Spokane, Washington, um mistério com traços de racismo

Enviado por / FontePor William Yardley, do iG

A bomba era sofisticada e possivelmente mortal, mas não explodiu. Ninguém ficou ferido ou preso. Então Spokane se tornou um mistério.

“Para mim, foi a mão graciosa de Deus”, disse Anne Kirkpatrick, chefe do Departamento de Polícia de Spokane, em Washington. “Essa era uma bomba grande que teria causado muito estrago.”

Quase um mês depois de uma equipe de limpeza ter encontradou a bomba ao longo da rota planejada de uma marcha em homenagem ao reverendo Martin Luther King Jr., o FBI está investigando o incidente como um ato de terrorismo doméstico.

Spokane passou do choque ao alívio e reavaliação: será que o grupo que defende a supremacia branca, que já gerou medo no interior, voltou a agir com muito mais periculosidade e sofisticação? “Nós não temos esse nível de inteligência para fazer esse tipo de explosivo”, disse Shaun Winkler, um nativo da Pensilvânia, que recentemente retornou à região para abrir uma empresa de paisagismo e um grupo da Ku Klux Klan.

Winkler não vive longe de Hayden Lake, Idaho, onde já esteve entre os seguidores de Richard Butler, um supremacista branco e líder do grupo Aryan Nations (Nações Arianas, em tradução livre). “Nós acreditamos em nos proteger, mas certamente não iremos defender o bombardeio de pessoas”, disse Winkler, 32 anos, acrescentando que foi entrevistado pelo FBI sobre a bomba em Spokane, que fica cerca de 40 milhas a sudoeste de onde mora.

Descoberta

A bomba, parcialmente encoberta por duas camisetas e armazenada em uma mochila da marca Swiss Army, foi encontrada por trabalhadores de saneamento em um banco no feriado de Martin Luther King Jr., dia 17 de janeiro, menos de uma hora antes do início previsto da marcha.

A marcha continuou, mas foi desviada. O esquadrão antibomba da região foi ao local e algumas pessoas foram retiradas, mas a maioria dos presentes não soube da bomba até mais tarde.

Embora nem todos estejam convencidos de que o racismo foi um fator no incidente da bomba – a marcha incluiu muitos proeminentes políticos eleitos que são brancos – Ivan Bush, o ex-diretor do Centro Familiar Martin Luther King Jr. em Spokane está entre os muitos que acham impossível descartar a ligação. “Nós estamos em outros dias em termos das coisas que são visíveis”, disse Bush. “Mas precisamos abrir os olhos e ver o que está por baixo de tudo isso. Acho que se fizéssemos isso, iríamos descobrir que esses sentimentos ainda existem”.

 

 

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