Espaço Ubumtu abre diálogo para a situação do negro no mercado de trabalho, durante Fórum Social Temático

 

 

Roberta Fofonka

Dentro da estrutura do Fórum Social Temático 2014, há o espaço Ubumtu, que contempla temas voltados para a cultura negra, o combate à discriminação e os direitos das mulheres, instalado no Largo Zumbi dos Palmares.

Na manhã deste sábado (25), os debates foram em torno da situação do negro no mercado de trabalho no Brasil. O diretor de Promoção da Igualdade Racial da Força Sindical de São Paulo, Francisco Quintino, expôs dados e falou por mais de uma hora para os cerca de quarenta presentes, entre negros e brancos, que acompanharam as atividades do espaço Ubumtu.

Numa linha de tempo, a variação socioeconômica da população negra no mercado de trabalho ao longo das gerações é cíclica. Segundo as palavras do dirigente, em 1872, 58% da população trabalhadora do país era composta por negros. Em 1940, estabelecida a imigração eruopeia em território brasileiro, o índice caiu para 35,8%. E, atualmente, com a miscigenação, segundo o Censo mais recente, o número volta a se recuperar, constando agora a presença de 50, 7% de pessoas que se autodenominam negras e pardas ocupando as vagas do país.

 

Espaço Ubumtu abre diálogo para a situação do negro no mercado de trabalho, durante Fórum Social Temático

 

 

Uma das questões abordadas foi também o impacto do racismo nas condições de trabalho. “Cerca de 87% dos brasileiros afirmam que existe racismo no Brasil, mas apenas 5% admite que é racista. Tem um bom número de gente no armário” afirmou Quintino.  “Quem é negro neste país não precisa de muitos dados de pesquisas para ter certeza do que sofre na pele todos os dias dentro da sociedade”.

A atividade teve diálogos diversos. Com o microfone aberto, entrou em discussão também a questão das cotas raciais e cotas sociais. Para a coordenadora do segmento de Saúde da População Negra do estado, Miriam Alves, as políticas de cotas raciais são uma medida de reparação a todas as injustiças cometidas aos negros ao longo da história do Brasil. “Se eu encontro alguma barreira no mercado de trabalho, não é porque eu tenho mestrado e doutorado. É por que sou negra”, relatou.

Para o vereador Claudio Janta, que também se manifestou, o critério de cotas deveriam ser aplicadas, por sua vez, para a população de baixa renda.

O Fórum Social Temático é organizado por entidades sindicais ligadas ao Fórum Social Mundial, e encerra as atividades neste domingo (26).

 

 

Fonte: Sul 21

 

 

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