Especialistas afirmam que racismo nas escolas existe e precisa ser combatido

 

Embora ainda não exista um levantamento do Ministério da Educação e Cultura, basta um breve passeio pelos corredores das escolas públicas da maioria dos Estados brasileiros para notar a forte presença de estudantes negros.  Apesar disso, racismo e preconceito ainda são problemas que, não raro, ocorrem dentro das salas de aula, envolvendo alunos, professores e demais funcionários.

Fonte: ClicaBrasilia

por: Lara Cristina

Durante o 2º Fórum de Igualdade Racial, realizado pelo Jornal de Brasília, na Semana da Consciência Negra, uma das temáticas discutidas foi a das políticas públicas de educação para a população negra. Conforme a professora Maria Auxiliadora Lopes, da  Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (Secad) do Ministério da Educação (MEC), os responsáveis pelos sistemas de educação das escolas são os próprios estados e municípios. Portanto, cada um atua  com autonomia em relação a medidas de combate à discriminação e ao racismo.

 

O MEC define as políticas e cria programas com uma série de materiais.  “Atualmente, temos 28 títulos publicados. São  livros que estão disponíveis para domínio público, por meio do site do MEC, e trabalhos que fazem referência a resultados de várias pesquisas”, informa Maria Auxiliadora.

 

Conteúdo

 

Outro trabalho do MEC, que teve início assim que o ministério começou a fazer avaliação dos livros didáticos, na década de 1990, é quanto ao conteúdo destes materiais, observando tendências que dão margem ao preconceito. “Tivemos um caso em que  as ilustrações tinham um problema: os desenhos das pessoas negras eram coloridos da mesma cor dos animais. Em outro caso que podemos citar, um texto de um livro contava a história de uma briga, na qual havia uma mulher mal educada e  escandalosa. No corpo do texto não havia descrição física dessa personagem, mas na ilustração da história a tal mulher era negra”, citou.

 

Mas, segundo Auxiliadora, este tipo de problema tem sido reduzido ao longo dos anos. “Temos um caso recente em que um livro, adotado no Distrito Federal, intitulado Bichos  da África, continha uma série de animais, um em cada página, e, no final, colocou um homem africano”, revelou.

 

Programas

 

Auxiliadora reforça a importância dos programas de formação de professores (a distância e presenciais, em parceria com universidades e Organizações Não-Governamentais), com a temática de educação para as relações inter-raciais, algo que ela considera mais abrangente do que simplesmente temáticas de racismo. “Isso porque envolve todos os componentes de uma sociedade. As pessoas devem ser educadas para terem uma boa convivência entre todos, sem distinção”, acrescenta.

 

Para Auxiliadora, a educação para as relações inter-raciais é algo que deve começar em casa, com a família, e, depois, seguir com o aluno, ainda nas creches e  pré-escolas. “Ninguém nasce preconceituoso e racista. Isso é algo que as pessoas vão aprendendo conforme as influências em casa, na escola e na sociedade”.

 

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