Se Marielle Franco estivesse viva, ela teria completado 43 anos de vida no último dia 27 de julho. Leonina como era, gostava muito de festas e presentes. Por conta disso, nós do Instituto Marielle Franco e da família de Marielle, inauguramos, no Rio de Janeiro, no buraco do lume, no centro da cidade, uma estátua com tamanho real, em sua homenagem.
O artista Edgard Duvivier foi incansável em retratar perfeitamente a força, a forma, o sorriso e a garra de minha irmã. Foram meses de muita troca entre nós, até chegarmos ao resultado desejado. Desde já meus sinceros agradecimentos a esse artista tão humano e dedicado.
Na hora do lançamento, vi meu pai muito emocionado. Chorando, ele disse: “Minha filha. Que linda!”. Minha mãe, que ainda se recupera de uma cirurgia de câncer de mama, estava radiante e feliz ao ver sua filha que criou com tanto amor e carinho, ganhar uma homenagem como aquela.
Mari deixou uma filha que hoje tem 24 anos, Luyara. Ainda sem saber qual sentimento mais aflorava, ela também se emocionou ao ver sua mãe naquela praça e gentilmente segurou sua mão e olhou dentro dos olhos daquela estátua como se ela realmente estivesse ali.
Foi importante demais esse momento.
Importante para ressignificar nossa dor, nossa saudade, nossa luta.
Mesmo algumas pessoas pouco empáticas que preferem seguir espalhando fake news e ódio na direção da memória da Mari, nós realizamos um feito histórico neste dia. Eu insisto em dizer que nem Marielle, nem Anderson, nem ninguém nesse mundo merece morrer com cinco tiros na cabeça. Muito menos uma mulher que simplesmente lutava por um mundo mais justo e igualitário.
Sigo entendendo que nossa missão enquanto família é lutar por dias melhores, defender a memória da Mari e seguir incentivando seu legado no Brasil e no mundo. Para provar que sabemos do tamanho de nossa luta, quero citar aqui também que no mesmo dia 27 de julho de 2022, no dia do lançamento, recebemos e trocamos algumas palavras importantes com Francia Marquez, vice presidenta eleita recentemente na Colômbia. Francia nos parabenizou pela estátua e disse que enquanto vice-presidenta levará adiante com muita honra o legado de Marielle. É por isso e por tantos outros motivos que seguimos firmes trabalhando para que um dia possamos falar que tudo isso valeu a pena.
Estou extremamente feliz e agradecida por ter conseguido homenagear minha irmã dessa maneira. Mas seguirei lutando para celebrar mulheres negras vivas e incentivando que elas sejam sempre protagonistas de suas histórias.
Sigamos!