Estudantes africanos iniciam pós-graduação na Fiocruz Bahia e UFBA

 

Os primeiros estudantes participantes do Programa de Pós-graduação CNPq/ Benin e Nigéria para a formação de mestres e doutores em Hematologia voltada para a Doença Falciforme já estão em Salvador. No total, 16 estudantes destes países irão fazer o curso completo de pós-graduação no Brasil: oito ficarão na Bahia, estudando na Fiocruz Bahia e UFBA, e oito devem estudar em São Paulo, na Escola Paulista de Medicina e Unicamp. Dos que ficarão em Salvador, cinco já iniciaram as atividades na pós-graduação.

Imagem retirada do site: www.bahia.fiocruz.br

De acordo com a pesquisadora da Fiocruz Bahia, Marilda Gonçalves, o principal objetivo do Programa é melhorar e estabelecer a troca de experiências entre o Brasil e países do continente africano, restabelecendo os pactos e promovendo ainda a necessária reparação histórica. “O intercâmbio vai expandir o conhecimento relativo a doença falciforme, fortalecendo a formação de grupos de pesquisa africanos na área de hematologia. Temos a necessidade de formação de profissionais que atendam a demanda reprimida decorrente da prevalência elevada da doença falciforme no continente africano”, apontou. “Precisamos devolver o que nos foi dado. Esta também é uma maneira de fazer a reparação”, acrescenta.

Os estudantes que estão na Bahia irão desenvolver suas atividades acadêmicas nos programas de pós-graduação sediados na Fiocruz – Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa (PgBSMI), e Patologia (PgPAT). Na Universidade Federal da Bahia (UFBA), quem recebe os estudantes é a Pós-graduação em Farmácia. Todos serão alunos regulares do mestrado ou doutorado, ou seja, poderão completar o curso no Brasil, com bolsa de estudos cedida pelo CNPq. O projeto de pós-graduação surgiu durante a realização do I Seminário Brasil África de Doença Falciforme da Fiocruz, realizado entre 28 e 29 de outubro de 2011.

Adaptação facilitada pela cultura
Os jovens Adjile Amoussa, Corynne Adanho, Francine Chenou, Dona Jeanne Alladagbin e Setondji Yahouedehou chegaram a Salvador no dia 01 de fevereiro. Após conhecer as áreas centrais da capital baiana, eles avaliaram que não terão dificuldade de adaptação em função da similaridade cultural, expressa na alimentação, no comportamento do povo e na semelhança climática. “Estou confiante de que a experiência, além de importante para a formação acadêmica e profissional, terá grande valor cultural. Vamos aprender muito sobre a Bahia e o Brasil”, afirmou Corynne, que começa a utilizar as primeiras palavras em português. “Estamos felizes em fazer parte deste programa. Serão experiências importantes para quem deseja contribuir com a saúde pública de nosso país”, antecipa Yahouedehou.

Com o Programa, de acordo com Marilda Gonçalves, espera-se ultrapassar a formação destes estudantes e avançar para contribuir na constituição de grupos internacionais de pesquisa, na formação de técnicos especializados e na melhoria das condições da infraestrutura de pesquisa dos centros que já existem nestes países. “Mediante uma cooperação técnica, vamos também treinar enfermeiras e médicos. A pesquisa precisa deixar benefícios para as instituições participantes destes países, como conseguir novos laboratórios, materiais e equipamentos”, defende.

A Republica de Benin é um país situado na África Ocidental e tem a cidade de Porto Velho como capital, apesar da cidade de Cotonou ser a maior do país e sede do governo. O Benin tem quase 9 milhões de habitantes, distribuídos em um território com 112.622 quilômetros quadrados. Neste país, está localizado o Centro Nacional de Doença Falciforme, ligado a Health Sciences Faculty, University of Abomey-Calavi e coordenado pelo doutor Mohamed Rahimy, que é professor de Pediatria e Genética Médica. Já Nigéria possui mais de 148 milhões de habitantes, o que lhe garantiu o título de país mais populoso do continente e o oitavo do mundo. Quem lidera a parceria, neste país, é o doutor Adekunle Adekile, que chefe do Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina da Universidade do Kuwait e coordenador da “Rede Nigeriana em Doença Falciforme.

A doença falciforme é a denominação dada a um grupo de “doenças hereditárias caracterizadas por alteração na proteína transportadora do oxigênio, a hemoglobina”. Nas populações africanas, a doença é comum, mas está presente no continente americano, inclusive no Brasil.

Fonte: bahia.fiocruz

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