Estudo no RJ mostra que maioria da população de rua não bebe nem usa drogas

Pesquisa constata ação equivocada de agentes da prefeitura, com abordagens violentas

O Núcleo de Direitos Humanos da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro realizou um estudo para traçar um perfil das pessoas em situação de rua, na região metropolitana da capital. A pesquisa derrubou mitos e trouxe à tona outra realidade sobre o perfil dessa população. Somente 13% dos moradores de rua são analfabetos, 65% não bebem e 62% não usam drogas.

“A intenção do projeto era realizar um mapeamento dessa população. É muito difícil realizar esse censo, nem o Censo do IBGE os afirma, pois parte da premissa do endereço,ou seja, são pessoas invisíveis”, afirmou a coordenadora do estudo, Juliana Moreira.

Para o vereador Renato Cinco (PSOL), a desmistificação dos hábitos da população de rua é “extremamente importante”. “Esse estudo fortalece uma crítica que fazemos ao governo e para a imprensa, que sempre transformou a população de rua como ‘cracudos’. Espero que possamos tratar dessa população sem os estigmas e os mitos que recaem sobre eles.”

“Há relatos durante as entrevistas de violação de Direitos Humanos por parte dos agentes da prefeitura. Os relatos apontam que esses agentes rasgam os documentos”, disse Cinco sobre o projeto “População de Rua”, da prefeitura do Rio, que começou em dezembro. “Tenho escutado muitas denúncias de violência contra moradores de rua nessas abordagens do projeto. É um processo de higienização no Rio de Janeiro.”

O Ministério Público do Rio entrou com uma ação civil pública, onde pede a perda de função pública e suspensão por cinco anos dos direitos políticos do prefeito Eduardo Paes e do secretário de governo, Rodrigo Bethlem, por conta da ação adotada contra moradores de rua. Segundo a promotoria, os agentes utilizam armas de fogo para levarem compulsoriamente as pessoas a um abrigo.

A ausência dos documentos evita que pessoas em situação de rua não tenham acesso a políticas sociais. A Defensoria escutou 1.247 pessoas em situação de rua, destes, 1.049 não possui acesso a benefícios assistenciais.

Com os resultados, a Defensoria irá estabelecer parcerias com o Tribunal de Justiça e o Ministério do Trabalho, para emitir novos documentos e emitir a Carteira de Trabalho da população de rua.

Por Igor Carvalho

 

Fonte: Revista Forum 

+ sobre o tema

É impossível promover direitos humanos sem proteger as mulheres

Medo e trauma de experiências de violência muitas vezes...

Negros são mais condenados por tráfico e com menos drogas em São Paulo

Levantamento inédito analisou 4 mil sentenças de tráfico em...

Encontro nacional debate estratégias para fortalecer organizações da sociedade civil

A Constituição brasileira de 1988 só tem a abrangência...

para lembrar

Dado racial em documento trabalhista é passo no combate a desigualdades

Em 20 de abril de 2023, o governo federal sancionou...

CARE

por Sueli Carneiro Cuidado, carinho, é o que a palavra...

“Se Deus fosse um ativista dos direitos humanos”, por Boaventura de Sousa Santos

Sociólogo português Boaventura de Sousa Santos veio ao Brasil...
spot_imgspot_img

Ministério lança edital para fortalecer casas de acolhimento LGBTQIA+

Edital lançado dia 18 de março pretende fortalecer as casas de acolhimento para pessoas LGBTQIA+ da sociedade civil. O processo seletivo, que segue até...

PM matou 94% a mais na Baixada Santista; ‘Tô nem aí’, diz Tarcísio

"Sinceramente, nós temos muita tranquilidade com o que está sendo feito. E aí o pessoal pode ir na ONU, pode ir na Liga da...

Debate na ONU sobre a nova declaração de direitos da população afrodescendente conta com a presença de Geledés

Geledés - Instituto da Mulher Negra esteve presente na sede das Nações Unidas em Genebra, na Suíça, durante os dias 8 e 9 de...
-+=