“Eu sou gay”: Diego Hypolito fala sobre sexualidade pela primeira vez

“Já vivi muitos anos pensando no julgamento que os outros fariam sobre mim. Hoje, só aceito ser julgado por Deus”, disse ele

por Raphael Campos no Metropoles

Em um longo texto em forma de depoimento publicado no UOL, o ginasta Diego Hypolito falou, pela primeira vez, de como escondeu a homossexualidade durante todo o período em que competiu.
De forma aberta, Hypolito, que atualmente tem 32 anos, relembrou desde o início o processo que o fez descobrir sua sexualidade, bem como todo os medos que envolveram escondê-la.

“Fui criado na igreja, tenho uma tatuagem de Jesus crucificado no braço, até hoje frequento cultos da Bola de Neve todas as quintas-feiras. Eu tinha vergonha porque na minha cabeça ser gay era ser um demônio, um ser amaldiçoado que vive em pecado. Quando eu tinha uns dez anos, um treinador foi dizer para a minha mãe que ela devia mudar minha educação para que eu não virasse gay. Ela veio falar comigo, preocupada. Eu era muito inocente, nem sabia o que era isso. Mas isso me marcou”, contou.

Para ele, muito mais que questões envolvendo o atletismo, o medo real era o de decepcionar os familiares. “A gente passava por tanta dificuldade em casa… nem sempre tinha o que comer, chegamos a ficar meses sem energia elétrica. Como é que eu ia levar mais um problema desses?”

Esconder a si mesmo

Ele também fala que, apesar da impressão, não há muitos gays no mundo da ginástica. “Eu tinha um sonho de conseguir uma medalha olímpica e faria de tudo para chegar lá, até esconder quem eu era”. E foi exatamente isso que ele fez, conquistando uma medalha de prata em 2016, além de dois Mundiais e mais de 69 Copas do Mundo de atletismo.

Porém, a mentira o acompanhou. “Mas odeio mentir. Uns anos antes, durante uma entrevista, um repórter havia me perguntado se eu era gay. Essa questão vinha circulando havia algum tempo na imprensa. Eu travei, mas respondi que não. Aquilo para mim foi péssimo. Desde então passei a pedir para meu assessor de imprensa evitar esse tipo de pergunta em contato com jornalistas”, relembra.

Somente em 2014, ele saiu do armário para a mãe. “Disse que a amava muito, que esperava que isso não fosse mudar a nossa relação, porque eu continuaria a amando da mesma maneira. Eu era gay. E não um demônio”. A reação dela não foi receptiva e os dois ficaram afastados por quase um ano. Diego ainda afirma que precisou de muitos tempo de terapia para conseguir falar abertamente sobre sua homossexualidade. E, atualmente, acredita que seu exemplo pode ajudar garotos que estão sofrendo a vencerem o preconceito.

“Quero que as pessoas saibam que eu sou gay e que eu não tenho vergonha disso. E não é porque eu sou que outras pessoas vão querer ser. Isso não tem nada a ver. Já vivi muitos anos pensando no julgamento que os outros fariam sobre mim. Hoje só aceito ser julgado por Deus”, completou.

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