Por: Kleber Tomaz
Cada um dos 4 suspeitos pagou R$ 480 de fiança à Polícia Civil em SP.
Apesar disso, acusados foram detidos pela Corregedoria da PM pelo crime.
Os quatro PMs suspeitos de agredir, asfixiar e matar um motoboy, na madrugada de sábado (8) na Zona Sul de São Paulo, pagaram R$ 1.920 de fiança para não serem presos sob a acusação de homicídio culposo (sem intenção de matar). A informação foi confirmada nesta segunda-feira (10) pela assessoria de imprensa da Secretaria da Segurança Pública.
Alexandre Menezes dos Santos, de 25 anos, sofreu traumatismo craniano e foi asfixiado, segundo o atestado de óbito. Ele estaria com uma moto sem placa, na contramão, e não parou no cerco policial. Abordado, teria entrado em luta corporal e foi imobilizado por uma “gravata” no pescoço. Desacordado, foi levado ao hospital onde morreu. Lá, os policiais disseram ter encontrado uma arma em seu poder.
De acordo com a Secretaria da Segurança, cada policial pagou a quantia de R$ 480 no 43º Distrito Policial, em Cidade Ademar, onde o caso foi registrado. Ainda, segundo a assessoria, a lei prevê pagamento de fiança para esse tipo de crime, quando não há intenção de se matar. Deste modo, os policiais irão responder ao assassinato em liberdade.
Apesar de terem se livrado da prisão pela Polícia Civil, os quatro policiais militares acabaram presos pela Corregedoria da Polícia Militar por “excessivo de força física” durante a ação que resultou na morte do motoboy.
Governador critica ação da PM
O governador de São Paulo, Alberto Goldman, criticou a ação da PM. A mãe do motoboy, a vendedora Maria Aparecida de Oliveira Menezes, de 43 anos, afirmou ao G1 que viu o filho ser espancado pelos policiais e que eles não atenderam seus pedidos para parar com a agressão.
“Acordei com o barulho das sirenes dos carros da Polícia Militar. Depois, fui para frente de casa e vi o meu filho sendo espancado, receber uma gravata, cair e bater a cabeça no chão. Ele morreu aos meus pés por quatro policiais grandes e fortes. Diziam que meu filho era bandido, vagabundo, mas ele nunca fez nada de errado. Era um motoboy que entregava pizza, um trabalhador”, disse Maria Aparecida.
Outro caso
No dia 10 de abril, o motoboy Eduardo Luiz Pinheiro dos Santos também foi morto após ter sido abordado por policiais militares, na Zona Norte de São Paulo. Ele e mais três amigos foram detidos depois de uma discussão. Os quatro foram levados para o quartel da PM. Um dos rapazes confirmou que Santos foi separado do grupo e que teria sido agredido com chutes. Duas horas depois, os rapazes foram liberados – menos o motoboy, que foi levado por policiais do mesmo quartel, já morto, para o hospital.
Doze policiais apontados por testemunhas como autores da tortura e do assassinato tiveram a prisão decretada pela Justiça Militar, a pedido da Corregedoria da polícia. O comandante geral da Polícia Militar, Álvaro Batista Camilo, enviou na segunda-feira (26) uma carta com pedidos de desculpas à mãe do motoboy.
Fonte: G1