Fifa dá aval para árbitro encerrar jogo após racismo

Os árbitros terão aval para encerrar uma partida de futebol quando houver atos de racismo em qualquer campeonato em todo o mundo.

Por: LEANDRO COLON

É o que a Fifa pretende orientar a partir de amanhã, quando termina o encontro do Comitê Executivo, órgão máximo da entidade, em Zurique.

Já está desde ontem com o comitê a minuta a ser votada criando medidas que devem ser tomadas a partir de agora. A Folha teve acesso ao documento, que menciona a aplicação das regras em “âmbito mundial”, ou seja, incluindo o Brasil.

Ao identificar um ato de racismo no estádio, ou ser informado dele, o árbitro deve parar o jogo imediatamente. Se a situação permanecer, os jogadores terão de ir para os vestiários e aguardar por, no máximo, 10 minutos. Caso a manifestação continue, o juiz então terá de cancelar o jogo.

A expectativa é que o comitê aprove por unanimidade a medida, alinhando-a a uma resolução divulgada em maio, no congresso anual da Fifa, que prevê uma série de punições a federações, clubes e torcedores envolvidos com atos de racismo.

Agora, a Fifa quer criar condutas a serem seguidas pelos árbitros para o prosseguimento ou não da partida. O locutor do estádio poderá ser acionado para ajudar, se necessário.

Ainda não havia uma recomendação única. A minuta entregue ao Comitê Executivo menciona o modelo adotado há quatro anos pela Uefa (órgão que dirige o futebol europeu), bem parecido com o que deve ser aprovado agora.

Presente ontem na sede da Fifa, o presidente da Uefa, o ex-jogador francês Michel Platini, disse à Folha que o modelo europeu é um exemplo adequado para ser copiado pelos demais continentes.

“Eu acho que é um bom caminho às vezes ter de interromper definitivamente o jogo”, afirmou. Segundo ele, cabe às entidades definir, em cada caso, o que acontece se o jogo for encerrado.

A Fifa vem intensificando a campanha pelo fim do racismo no futebol. A Copa das Confederações no Brasil foi palco de manifestação dos capitães, que leram em campo textos contra a discriminação.

 

Fonte: Folha de S.Paulo 

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