Filha de líder polêmico será 1ª mulher a presidir Coreia do Sul

Park Geun-hye, de 60 anos, foi eleita na quarta-feira; país é nação desenvolvida com maior desigualdade de gêneros

 

Park Geun-hye, do partido Saenuri (Nova Fronteira), será a primeira mulher presidente da Coreia do Sul – o país desenvolvido com a maior desigualdade de gêneros, segundo ranking do Fórum Econômico Mundial.

Park, de 60 anos, filha do ex-líder Park Chung-hee (1961-1979), foi eleita na quarta-feira. Quando tinha apenas 22 anos, ela foi empurrada para os holofotes políticos ao se tornar a primeira-dama após o assassinato de sua mãe, em 1974, por um atirador norte-coreano que tentava matar seu pai.

Por cinco anos, Park foi encarregada de receber as esposas de chefes de Estado estrangeiros em visita oficial à Casa Azul, a residência presidencial sul-coreana. Seu pai, que tomou o poder em um golpe militar em 1961, governou o país até ser assassinado por seu próprio chefe do serviço secreto, em 1979.

Alguns comentaristas dizem que a associação com seu pai – e sua experiência como primeira-dama – a ajudou a superar o forte preconceito entre os eleitores do sexo masculino. Mas se Park Chung-hee recebeu boa parte do crédito pelo desenvolvimento acelerado da economia sul-coreana, ele também foi acusado de reprimir fortemente a oposição e de impedir o desenvolvimento da democracia no país.

O legado familiar de Park Geun-hye marca sua carreira política. Em setembro, ela fez um pedido público de desculpas por abusos aos direitos humanos cometidos durante o governo de seu pai. Porém, ela também descreveu o golpe de 1961 como necessário, o que afastou alguns eleitores jovens que esperavam que ela rejeitasse completamente o período de seu pai.

Coreia do Norte

Formada em engenharia pela Universidade Sogang, de Seul, Park foi eleita pela primeira vez à Assembleia Nacional da Coreia do Sul em 1998. Ela tentou se candidatar pela primeira vez à Presidência em 2007, mas seu partido acabou indicando como candidato Lee Myung-bak, que venceu a eleição.

Solteira – algo que a expôs a comentários críticos na sociedade altamente conservadora do país -, ela é vista como uma pessoa reservada. Muitos esperam que sua ascensão à Presidência ajude a mudar os antigos hábitos patriarcais confucianos que permeiam a sociedade sul-coreana, segundo analistas.

Como parte de sua campanha presidencial, Park prometeu priorizar a “reconciliação nacional” e melhorar a “democracia econômica” e o bem-estar social. Ela também prometeu aumentar a distribuição de renda, reformar os grandes conglomerados do país e trabalhar por um maior engajamento com a Coreia do Norte.

Mas ela é vista como mais cautelosa sobre todos esses temas do que o candidato progressista que ela derrotou, Moon Jae-in. Por isso, alguns analistas avaliam que a nova presidente manterá a linha dura em relação ao regime norte-coreano adotada durante os cinco anos de governo de Lee Myung-bak.

 

 

Fonte: Estadão 

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