Um novo livro de fotos acaba de ser lançado e ele examina o poder da identidade, desejo e conexão por meio da arte do retrato em 2015.
Por James Michael Nichols Do Brasil Post
Every Breath We Drew (“Toda Respiração que Desenhamos”, em tradução livre) é uma coleção impressionante de imagens da fotógrafa Jess Dugan, que buscou elementos que evidenciassem, em suas palavras, uma forma de “masculinidade delicada”.
Por meio de seu trabalho, Dugan confunde a noção tradicional de masculinidade ao fotografar indivíduos em ambientes íntimos vivenciando trocas significativas.
O projeto, em muitos aspectos, é pessoal para Dugan, que o chama de “um grande autorretrato” e revela que queria definir o que a masculinidade significa para ela, sem considerar as expectativas da sociedade.
“Estou interessada em uma versão de masculinidade que é mais expansiva e mais vulnerável que aquela normalmente representada na cultura convencional”, disse Dugan ao The Huffington Post.
Veja abaixo algumas imagens de Every Breath We Drew, bem como uma entrevista com Dugan.
The Huffington Post: Por que decidiu embarcar nesse projeto?
Comecei a tirar essas fotos em 2011, depois de me mudar de Boston para Chicago. Meu trabalho anterior focava em questões de gênero e sexualidade, especialmente dentro da comunidade transgênera feminino-para-masculino, e eu pensava bastante na ideia de masculinidade a nível pessoal e cultural.
Quanto mais eu pensava nessa ideia, mais indefinida e maleável ela parecia ser. Eu também estava sozinha em uma nova cidade, descobrindo onde me encaixava e com quem tinha uma conexão.
Usando a investigação da masculinidade como ponto de partida, o tema das minhas fotos acabou sendo a interseção de uma identidade pessoal com uma necessidade de intimidade e conexão com outros.
Qual a narrativa predominante em torno da masculinidade que você explora através dessas fotos?
As pessoas que eu tinha vontade de fotografar expressam um tipo delicado de masculinidade, sejam elas homens ou mulheres, gays ou héteros. Estou interessada em uma versão de masculinidade que é mais expansiva e mais vulnerável que aquela normalmente representada na cultura convencional.
The Huffington Post: Esse projeto é pessoal? Em que aspecto?
Com certeza. Em muitos aspectos, penso nesse projeto como um grande autorretrato.
Como alguém que teve que definir de forma consciente minha própria versão de masculinidade em contraste com o que a sociedade esperava de mim, eu fui atraída para pessoas que incorporavam uma autenticidade e conforto similares dentro de si mesmas.
A combinação de força e vulnerabilidade, presente em tantas dessas imagens, é algo que especialmente sempre me atraiu. As pessoas que escolhi fotografar frequentemente tinham qualidades que vi refletidas em mim mesma ou que eu desejava emular.
As fotos não são documentos objetivos de indivíduos, e sim registros subjetivos de um momento que aconteceu entre mim e eles.
O que você deseja que o público leve desse projeto?
Antes de tudo, quero que o público se sinta conectado às pessoas nas fotos. Sempre coloco o público em uma posição de intimidade com o elemento da foto — em seu quarto ou sentado na mesa da cozinha — e espero que essa intimidade permita que uma troca significativa aconteça.
Também quero que o público questione suas próprias suposições sobre gênero e sexualidade, começando a questionar coisas que possa ter assumido anteriormente como objetivas ou claramente definidas.
As fotos são em última análise sobre a necessidade que todos nós temos de sermos vistos, aceitos e desejados como somos realmente.