Fotógrafo pede desculpas por ter alterado cabelo de Lupita Nyong’o em revista: “Foi um erro monumental”

Como todos devem ter visto, Lupita Nyong’o usou as redes sociais na última sexta (10) para fazer um desabafo após notar que suas fotos para a revista Grazia tinham sido alteradas. Na edição, a estrela teve seus cabelos crespos e volumosos, que estavam presos no momento das fotos, retirados e alisados digitalmente e sem autorização prévia.

Do Hugo Gloss

Foto: Valerie Macon — AFP/Getty Images

Nesta segunda (13), o fotógrafo vietnamita An Le, responsável pelo ensaio e pela edição das fotos, resolveu se desculpar pelo erro. “Eu tirei um tempo para refletir na minha parte no incidente envolvendo Grazia e Nyong’o. Eu percebo agora que foi um erro incrivelmente monumental que eu fiz e eu gostaria de aproveitar para pedir desculpas a Nyong’o e a todos os outros que ofendi. Embora não fosse minha intenção ferir ninguém, posso ver agora que alterar a imagem de seu cabelo foi um ato incrivelmente prejudicial. Como imigrante que sou, é meu dever ser um defensor da representação da diversidade da beleza neste setor. Eu vou demonstrar ainda mais isso nos meus próximos trabalhos“, disse Le em comunicado à imprensa.

E ele continuou: “Não há desculpa para as minhas ações. Eu lamento profundamente pela dor que causei a senhorita Nyong’o, uma mulher que eu admiro há algum tempo já. Mais uma vez, gostaria de dizer que sinto muito a todos que ofendi. Quero agradecer a Lupita por abordar esta questão tão importante“.

As I have made clear so often in the past with every fiber of my being, I embrace my natural heritage and despite having grown up thinking light skin and straight, silky hair were the standards of beauty, I now know that my dark skin and kinky, coily hair are beautiful too. Being featured on the cover of a magazine fulfills me as it is an opportunity to show other dark, kinky-haired people, and particularly our children, that they are beautiful just the way they are. I am disappointed that @graziauk invited me to be on their cover and then edited out and smoothed my hair to fit their notion of what beautiful hair looks like. Had I been consulted, I would have explained that I cannot support or condone the omission of what is my native heritage with the intention that they appreciate that there is still a very long way to go to combat the unconscious prejudice against black women’s complexion, hair style and texture. #dtmh

Uma publicação compartilhada por Lupita Nyong’o (@lupitanyongo) em

Em seu relato nas redes sociais, Lupita afirmou que estava decepcionada com a publicação e finalizou que se tivesse sido consultada, teria explicado que não apoiaria ou toleraria a omissão da herança nativa de acordo com o gosto da revista. A atriz ainda reforçou que o caminho contra o racismo é, infelizmente, longo. “Ainda há um longo caminho a percorrer para combater o preconceito inconsciente contra a pele, estilo e textura dos cabelos das mulheres negras”, escreveu ao final do texto.

Em resposta divulgada na sexta, a revista disse que estava “empenhada em representar a diversidade” e pediu desculpas à atriz. “Em nenhum momento fizemos qualquer pedido editorial ao fotógrafo para o cabelo de Lupita Nyong’o ser alterado na capa desta semana, nem nós alteramos“, declarou a publicação.

[Via The Guardian]

+ sobre o tema

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...

para lembrar

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro...

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira...

Promotor é investigado por falar em júri que réu negro merecia “chibatadas”

Um promotor de Justiça do Rio Grande do Sul é...
spot_imgspot_img

O pardo e o mal-estar do racismo brasileiro

Toda e qualquer tentativa de simplificar o racismo é um tiro no pé. Ou melhor: é uma carga redobrada de combustível para fazer a máquina do racismo funcionar....

Quem ganha ao separar pessoas pretas e pardas?

Na África do Sul, o regime do apartheid criou a categoria racial coloured, mestiços que não eram nem brancos nem negros. Na prática, não tinham...

Justiça manda soltar PM que matou marceneiro negro com tiro na cabeça na Zona Sul de SP

O Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP) concedeu nesta quarta-feira (27) habeas corpus ao policial militar Fábio Anderson Pereira de Almeida, réu por assassinato de Guilherme Dias...