Fundadores da Central Única das Favelas, Celso Athayde e MV Bill, deixam a direção da CUFA no próximo dia 25, depois de 20 anos à frente da organização. A entidade passa a ser administrada pela rapper Nega Gizza, a produtora de eventos Elaine Caccavo, o diretor de TI Wellington Galdino e o administrador financeiro Altair Martins, que já atuam na ONG há anos. A troca será formalizada em um café da manhã entre amigos e colaboradores no viaduto de Madureira, a partir das 10h.
Do Pauta Rio
Ao longo das duas últimas décadas, Celso e Bill contribuíram para que a CUFA ganhasse o mundo e atuasse, hoje, em 412 cidades, 27 estados brasileiros e em 17 países, com inúmeros prêmios internacionais de reconhecimento pela importância dos trabalhos da entidade, como Prêmio Darcy Ribeiro, Unesco, Rey da Espanha e ONU. Entre os principais feitos estão o Hutúz Rap Festival, Taça das Favelas, Liga Internacional de Basquete de Rua (LIIBRA), Rock in Rio Social e a Semana Global da CUFA em Nova York. Agora, a dupla pretende se dedicar a projetos pessoais. Athayde embarca no mundo empresarial como presidente da Favela Holding, um grupo com 21 empresas especializadas em negócios nas favelas, enquanto Bill passa a doar-se exclusivamente à carreira artística e nega que irá concorrer a uma vaga para o senado, apesar das pesquisas apontarem que teria mais de um milhão de votos.
“Nunca fiz parte da CUFA juridicamente, nunca assinei documentos ou tive função oficial. Mas isso não diminuiu a minha responsabilidade com o nosso coletivo nacional. A CUFA é a minha vida, a minha fé, a minha convicção. Na CUFA conheci o significado do amor ao próximo e de humildade. A CUFA é a maior escola do mundo. Dia 25 eu vou me despedir do cotidiano da CUFA, mas não das suas iniciativas. Deixo para os novos diretores as decisões e passo a ser um soldado voluntário, um guerreiro pronto para todos os chamados. O Hip Hop é o maior movimento político do mundo, e por isso eu já faço política todos os dias. Quanto a convites para a política, sim, sempre existiram. Mas ainda não me seduziram. As favelas precisam de referência na política urgentemente, mas existem pessoas melhores que eu para esta missão“, afirma MV Bill.
Celso Athayde também fala sobre a sua saída. “Minha missão agora é outra. É distribuir oportunidades de negócios e consolidar a revolução social por vias econômicas. Através da Favela Holding vamos trabalhar com as mesmas pessoas e nos mesmos lugares, continuando a mostrar que as favelas têm gente potente, não apenas carente. Não estou deixando a CUFA, apenas passando o bastão para novos atores. Um dos meus objetivos a frente da FHolding é ajudar a CUFA financeiramente e potencializar a mão de obra das pessoas das favela. Nossa holding será uma das mantenedoras da CUFA. Além disso, vou continuar com minha relação de apoio às ações da CUFA, sempre pensando em formas alternativas para interagir com as favelas e seus moradores. É como um pai que fica feliz em ver que o filho cresceu e agora consegue caminhar com as próprias pernas. Mas estarei sempre por perto”, completa.