“Garotas negras arrasam!” Grito simboliza legado de Michelle Obama nos EUA

Michelle Obama fez o que nenhuma primeira-dama dos EUA poderia ter feito. Disse, repetidas vezes: “Garotas negras arrasam! Nós arrasamos!”, em um evento de um canal de TV voltado para a comunidade negra americana em 2015. A advogada casada com Barack Obama, mãe de Sasha e Malia, deixa uma mensagem muito mais poderosa do que os discursos que marcaram sua passagem pela Casa Branca.

Por Talita Marchao, para UOL

“Michelle disse aos jovens desfavorecidos que eles têm o poder de alcançar o sucesso, mas que devem lutar por ele. E, quando triunfarem, devem ajudar os outros, assim como a própria Michelle”, afirma Peter Slevin, autor de um dos principais livros sobre a vida da primeira-dama.

Slevin, que escreveu “Michelle Obama: A Life” (Michelle Obama: Uma Vida, em tradução livre, ainda não lançado no Brasil), afirma que Michelle é uma mulher forte, que cresceu em uma família de mulheres fortes. , e ela afirma que é justamente o apoio destas mulheres o responsável por muitos de seus valores e por seu sucesso.

“Como uma jovem afroamericana, ela foi muitas vezes subestimada. Quando as pessoas lhe disseram para reduzir suas expectativas, Michelle trabalhou ainda mais e se formou em Princeton e em Harvard. Como uma jovem profissional em Chicago, ela reconheceu que as mulheres têm salários muitos menores para fazer o mesmo trabalho de um homem, e elas sentiram a pressão de equilibrar suas famílias e suas vidas de trabalho”, diz Slevin em entrevista ao UOL.

“Na Casa Branca, uma de suas iniciativas mais sinceras foi ajudar as meninas em desvantagem –especialmente meninas negras– a permanecer na escola e frequentar a faculdade. Ela dizia muitas vezes que se via nas histórias delas.”

Na opinião de Slevin, professor universitário da Northwestern University e ex-jornalista do “Washington Post”, Michelle será lembrada por seu humor. “Ela sempre diz que se você pode fazer as pessoas rirem, você pode fazê-las ouvir –sua paixão, disciplina e seu senso de certo e errado”, afirma o escritor.

Ele lembra que, apesar de seus últimos discursos terem marcado sua passagem pela Casa Branca, como o que ela citou o fato de a residência presidencial em que ela vivia ter sido construída por escravos negros, esta não é a primeira vez que Michelle falou firmemente em público.

“Durante a campanha presidencial de 2008, Michelle fez poderosos discursos sobre a necessidade de mudança política e social nos EUA. Mas ela enfrentou críticas agudas que preocuparam os estrategistas políticos de seu marido. Ela temia estar prejudicando as chances de ele ser eleito –e, na Casa Branca, ser reeleito. E ela mudou de tom”, analisa Slevin.

“No segundo mandato, Michelle sentiu-se livre para falar mais abertamente. Disse que o país tem visto progressos significativos em questões de raça e gênero, mas também tem um longo caminho a percorrer antes de todos os cidadãos terem as mesmas oportunidades.”

Slevin ressalta que quando Donald Trump ganhou a indicação republicana, Michelle falou fortemente contra ele durante a campanha de Hillary Clinton, dizendo que ele fez campanha com base em preconceito, medos e mentiras.

“Ela ficou horrorizada com Trump e com o modo como ele prometeu destruir tudo o que os Obama conseguiram para o país”, afirma o autor do livro.

Questionado sobre o que espera da próxima primeira-dama, a eslovena Melania Trump, Slevin ressalta que a mulher de Trump permanece um mistério para quase todo mundo.

“Ela não desempenhou quase nenhum papel na campanha do marido e raramente apareceu em público desde a sua vitória. Há sugestões de que Ivanka, a filha do presidente, que está se mudando para Washington, pode ser a mulher mais proeminente da Casa Branca.”

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