O título de campeã do grupo especial do carnaval de São Paulo foi para a Mocidade Alegre, que desfilou com enredo inspirado na obra do escritor baiano Jorge Amado. A escolha da vencedora, no entanto, só ocorreu às 22h50 de ontem, após cinco horas de reunião entre 12 representantes das 14 escolas do Grupo Especial com o presidente da Liga Independente das Escolas de Samba, Paulo Sérgio Ferreira. Revoltados com o resultado parcial do julgamento e o método de escolha dos jurados, torcedores destruíram cédulas com as notas antes de a apuração ser concluída, durante a tarde. Assim, o resultado parcial, que dava à Mocidade Alegre o primeiro lugar, à Rosas de Ouro e à Vai-Vai segundo e terceiro, respectivamente, foi declarado como o oficial do carnaval paulista de 2012. Com a decisão, as escolas Pérola Negra e Camisa Verde e Branco foram rebaixadas para o Grupo de Acesso. Nenê de Vila Matilde e Acadêmicos do Tatuapé sobem para o Grupo Especial.
A solução encontrada pela liga para definir o carnaval deste ano não foi bem aceita por grande parte das escolas. Dos 12 presidentes das agremiações, cinco foram contrários à decisão de dar o título para a Mocidade Alegre. Torcedores da Rosa de Ouro — que estava 0,2 ponto atrás da vencedora (que tinha 170) no momento em que vândalos rasgaram as fichas de votação — protestaram, e a Tropa de Choque da polícia foi acionada para evitar novos tumultos.
A confusão à tarde começou quando Tiago Ciro Tadeu Faria, 29 anos, atacou a mesa dos jurados e rasgou as fichas com as notas. O jovem, que se identificou para a polícia como membro da diretoria da Império de Casa Verde, invadiu a área restrita aos jurados, agrediu o locutor com um chute e rasgou as notas no momento em que as menções do último quesito, comissão de frente, eram anunciadas. Em seguida, o fuzuê tomou conta do local. Torcedores da Gaviões da Fiel também invadiram a área e ocuparam parte da Marginal Tietê, principal avenida perto do Sambódromo. Dois carros alegóricos da escola Pérola Negra, que estavam na área da dispersão da avenida, foram incendiados.
Outro torcedor envolvido na confusão foi identificado como Cauê Santos Ferreira, 20 anos, da Gaviões da Fiel. Segundo o delegado Luís Fernando Saab, da Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista (Deatur), Cauê e Tiago serão processados por danos ao patrimônio público (que tem pena máxima de cinco anos de prisão) e supressão de documentos (pena de três anos de reclusão). Tiago, de acordo com Saab, tem passagens pela polícia por roubo, formação de quadrilha, danos ao patrimônio público, receptação e porte de arma. Por conta disso, ele será transferido ao Centro de Detenção Provisória do bairro de Pinheiros, para onde são transferidos presos que aguardam julgamento, e dificilmente poderá responder ao processo em liberdade. Cinco torcedores foram detidos no tumulto.
Fonte: Correio Braziliense