Geledés promove seminário sobre violência de gênero e raça e propõe políticas interseccionais

20/10/25
Redação

Geledés – Instituto da Mulher Negra realizou neste sábado (18), em São Paulo, o seminário “Violência de Gênero e Raça – Estratégias de Enfrentamento e Educação em Direitos Humanos”, reunindo pesquisadoras, lideranças comunitárias e ativistas para discutir políticas de prevenção e enfrentamento às violências que atingem mulheres negras no país.

O encontro partiu do diagnóstico de que, apesar dos avanços legais nas últimas décadas, as desigualdades raciais e de gênero continuam estruturando as formas de violência e limitando o acesso à proteção pública. O objetivo central do evento foi fortalecer redes comunitárias e propor estratégias interseccionais que integrem educação em direitos humanos, dados desagregados e financiamento específico.

A coordenadora de Gênero, Raça e Equidade de Geledés, Maria Sylvia de Oliveira, afirmou que “a violência de gênero e de raça continua sendo uma das expressões mais graves das desigualdades no país” e que “enfrentá-la requer políticas interseccionais e o protagonismo das mulheres negras”.

Foto: Toscani Dohou

O seminário foi estruturado em painéis temáticos e grupos de discussão, nos quais as participantes puderam refletir sobre diferentes dimensões da violência e propor recomendações para políticas públicas.

A assessora de Geledés Renata Juliotti, especialista em inclusão e acessibilidade, destacou a violência institucional sofrida por mulheres com deficiência e a falta de dados atualizados sobre essa população. “Não existe pesquisa recente com dados desagregados que retrate a realidade das pessoas com deficiência”, disse.

A advogada Cláudia Patrícia de Luna abordou as continuidades históricas da violência doméstica e criticou o sistema de justiça por reproduzir padrões coloniais. Segundo ela, “o corpo da mulher branca é considerado sagrado; o das mulheres negras, indígenas e com deficiência é visto como descartável”.

A jornalista e militante Juliana Gonçalves ressaltou o impacto da dependência econômica na perpetuação da violência. “Metade das mulheres negras está na informalidade e apenas 21% contribuem com a Previdência. Sem autonomia financeira, a violência se perpetua”, afirmou.

Já a administradora pública Thaynah Gutierrez, assessora internacional de Geledés, discutiu o impacto das mudanças climáticas e o conceito de justiça climática, relacionando-os ao racismo ambiental. “A razão pela qual estamos mais expostas aos efeitos do clima é a estrutura do racismo, que define onde e como vivemos”, explicou.

Além dos debates, o evento prevê a elaboração de recomendações para políticas públicas, a formação de lideranças locais e o lançamento de materiais educativos sobre o enfrentamento à violência e a promoção da igualdade racial e de gênero.

Foto: Toscani Dohou

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